Berlebach UNI 18 |
Depois do comentário que fiz à Giro II Deluxe, ficou bem evidente que o tripé fotográfico que utilizava era marginalmente adequado a tanta carga, especialmente nas grandes magnificações ou quando fazia algum vento. Outro aspecto era que nunca ficava muito descansado ao abandonar o conjunto nos eventos públicos com receio de alguém o fazer tombar. A necessidade de arranjar uma solução mais definitiva, fez-me pesquisar o que o mercado tinha para oferecer em tripés com as seguintes características: pernas de madeira, devido à boa capacidade de absorção de vibrações, característica aliás sempre desejável, que tivesse compatibilidade com a montagem Giro II para evitar custos com adaptadores, que tivesse um peso adequado mas portátil, que se pudesse compactar num volume relativamente pequeno para transporte, e finalmente que me resolvesse de uma vez por todas a questão de montagem/tripé. Julgo que este tripé Berlebach é a resposta a esta questão.
A Berlebach é um empresa alemã fundada ainda no século 19, que é especializada no fabrico de tripés de todos os tamanho e feitios, para todas as funções, portanto com mais de um século de experiência e expertise. Os produtos, todos eles empregam madeira e aplicações metálicas costumizadas para cada aplicação. Os tripés para astronomia são um caso especial, pois exigem muita estabilidade, e meios para ajuste fino de nivelamento, e todos esses aspectos nesta série UNI foram bem tratados. A carga máxima bruta é apenas indicativa, mas convém dividir por 4 ou 5 para aplicações astronómicas de alta magnificação ou astrofotografia.
Este é o link para o fabricante: http://www.berlebach.de/e_index.php. Reparar na quantidade enorme de tripés.
Foram excluídos tripés de alumínio ou outro metal porque são em regra bem mais vibratórios nas suas versões mais portáteis, ou demasiado caros e/ou pesados nas suas versões mais robustas e mais imunes a vibrações.
Parafuso de fixação da montagem |
Base |
>Base com a Giro |
Tabuleiro de acessórios |
Encaixe do tabuleiro de acessórios |
Perna e braçadeira de aperto |
Aperto da perna |
Pé |
Apenas fotografias não bastam para descrever como este tripé realmente se comporta. Embora apenas o tenha utilizado com relativa pouco carga (cerca de 6 quilogramas), dá para se aperceber de imediato na robustez e estabilidade de todo o conjunto. Simplesmente acabaram as vibrações numa utilização normal - apontar e focar - sendo a recuperação notavelmente inferior a 1 segundo no caso de se dar uma pancada voluntária ou involuntária numa das pernas. Seguir objectos a mais de 200x é simplesmente uma experiência confortável (também graças à Giro). Isto tudo se obviamente as pernas estiverem apenas estendidas a cerca de metade do seu curso. Com as pernas completamente estendidas o tempo de recuperação é um bocado maior, mas com um período baixo (abana 2 ou 3 vezes para cada lado e estanca).
Para além de poder montar directamente a Giro II para uso altazimutal, com a qual faz um par perfeito e proporcional, também é possível montar directamente outras soluções, tais como as bem conhecidas montagens equatoriais Vixen GP (DX) e todos os seus clones (EQ-x). sendo portanto uma boa base para começar a fazer o "enxoval" para algumas aventuras em astrofotografia de maior exposição, claro desde que não se exagere muito na carga, nem no comprimento focal. Julgo que se se mantiver este tripé baixo é possível montar um GPDX e um pequeno refrator (até 4") sem grandes problemas de estabilidade, formando assim uma boa plataforma de astrofotografia leve e portátil o que no meu caso é obrigatório.
Este modelo (UNI18) é o mais curto, tendo base uma altura máxima de pouco mais de 1 metro e 20. Esta altura não é a mais adequada para quem seja alto e queira observar perto do zénite estando em pé. O modelo 28 vai mais alto cerca de 30 cm, mas será talvez por essa razão que será um pouco menos estável. No entanto como geralmente observo na posição sentada considero esta altura suficiente.
Um tripé bastante equivalente tanto em performance como em construção é o tripé de freixo fornecido com a Gibraltar da marca Televue, que já tive ocasião de apreciar por breves momentos - mas este conjunto sai quase de 50% mais caro que a combinação do Berlebach com a Giro. Se fosse realmente necessária mais altura ou mais carga, iria provavelmente para o bem mais maciço tripé de madeira oferecido pela Baader - mas perdia alguma portabilidade, capacidade de arrumo e seria algo desproporcionado para o equipamento que neste momento utilizo.
Tripé na sua altura máxima |
A montar |
Tripé fechado |
Tripé na altura mínima |
Não poderia estar mais agradado com este tripé, tem tudo para satisfazer todas as necessidades que no tenho neste momento num tripé bem desenhado, bem construído, bem acabado e que tem um aspecto encantadoramente tradicional. Condiz muito bem com a Giro e com o Taka. O preço (cerca de 300 €) acho-o adequado e bem justo, tendo sobretudo em conta que é fabricado na Alemanha e por Alemães. Sem dúvida uma alternativa aos tripés de alumínio de baixa qualidade que geralmente acompanham os telescópios. Só me resta mesmo recomendá-lo vivamente.
Luís Carreira
16/03/2003