Tele-Optik Giro II Deluxe |
A Giro II Deluxe é uma sólida montagem altazimutal para pequenos/médios telescópios que tem como principal característica a grande suavidade de movimentos quer em altitude (cima/baixo), quer em azimute (esquerda/direita).
O corpo e o braço é construído em alumínio, tendo os braços um veio central em aço inoxidável. Por cima e de lado localizam-se dois parafusos com uma grande cabeça em plástico (ABS) para regular a fricção nos dois movimentos. A construção parece e é sólida, com acabamentos e precisão de montagem na minha opinião irrepreensíveis.
Os parafusos reguladores de fricção |
A fixação da base a um tripé é feita através de uma rosca de 3/8", que é tipo de rosca utilizado para fixação de cabeças nos tripés fotográficos mais robustos, podendo numa primeira análise dispensar a compra de um tripé caso possua um deste género, isto tendo em consideração do telescópio a montar seja leve - de qualquer modo é sempre preferível e aconselhável um tripé mais "astronómico".
O adaptador de braçadeira de telescópios tem de série a furação Vixen (com duas roscas), na qual se adaptar os mais diversos sistemas de braçadeiras ou anéis, isto depois de adquirir opcionalmente o adaptador pretendido. Felizmente no meu caso, a braçadeira do Takahashi tem o mesmo espaço entre as roscas, não sendo necessário qualquer adaptador, mas como os parafusos Takahashi tem uma rosca bem mais larga tive de arranjar 2 parafusos da medida Vixen com pelo menos 2 cm de comprimento, não podendo utilizar os parafusos nem da braçadeira (demasiados grossos) nem os que vinham com a montagem (demasiados curtos).
No outro veio pode-se aplicar contra-pesos ou então outro adaptador permitindo montar ainda outro telescópio, utilidade que me parece algo reduzida excepto para o "show-off". Pode no entanto ainda ser útil se conseguir arranjar/fazer um adaptador para uma câmara fotográfica ou coisa do género.
Tele-Optik Giro II Deluxe |
O balanceamento na Giro é, e à semelhança de todos os tipos de montagem, algo crítica, mas julgo que menos que nas montagens equatoriais, sendo conveniente balancear bem a distribuição da massa e também ter em conta a inércia dos tubos mais compridos para que a sua operação seja suave. Por exemplo, quando retiro o conjunto da prisma+barlow+radian 14mm, coisa para pesar quase meio quilo, é necessário apertar ligeiramente o parafuso de altitude para o tubo não cair a pique (algo que ainda me acontece frequentemente).
Graças aos compridos braços, o tubo fica afastado uns generosos 15 cm da montagem o que torna possível apontar para o zénite (e também para o nadir) sem qualquer obstrução tanto do tripé como da própria montagem - o tripé deixa praticamente de existir. Essa conveniente característica infelizmente pode obrigar a utilização de algum contra-peso no braço oposto quando o peso total num braço começa a ultrapassar os 3 quilos. Não se pode ter tudo...
Convém também salientar bem, que esta montagem está especificada para carregar cargas bastante mais elevadas (acima de 5 kg de cada lado) do que o pequeno Takahashi (2.0 kg), sendo seguramente o tripé utilizado o factor mais limitativo.
Noto isso mais particularmente no meu fiável (mas algo leve e franzino) tripé Gitzo G1224 com a coluna central subida (carga máxima 6 kg) que fica relativamente subdimensionado para observações a mais de 100x, parecendo-se torcer como varas verdes, mas no entanto para os meus propósitos ainda vai servindo.
Finalmente resta dizer que esta montagem pesa cerca de 3,5 kg e é bem mais massiva e imponente do que as fotografias aparentam mostrar. Não traz qualquer caixa ou estojo (opcional e caro).
Em utilização visual e manual de telescópios, eu sou grande adepto das montagens altazimutais tanto pela sua simplicidade de utilização, tanto pela a sua versatilidade e rapidez de prontidão. Embora possuindo quaisquer ajustadores finos, não me parecem nem sequer necessários para um confortável acompanhamento sideral, mesmo a 200x com oculares de grande campo de visão aparente (ex: Naglers) e claro também com a ajuda um para mim indispensável Quickfinder.
Esta montagem é muito eficaz na observação/fotografia afocal do Sol, Lua e planetas brilhantes com o método que geralmente utilizo com câmaras digitais (sem adaptadores, apenas apontado a câmara à mão) , podendo com alguma alguma paciência utilizar webcams (campo visível limitado). A falta de controlo por micro-ajustamento torna a colocação e seguimento no campo do diminuto CCD das webcams em grandes comprimentos focais manual é um verdadeiro teste à paciência, especialmente se usar distâncias focais superiores a 2 metros, mas com alguma perseverança é sempre possível pelo menos registar os planetas mais brilhantes. Contudo não me resta qualquer dúvida que era possível acoplar uma câmara atrás sem qualquer problema de balanço que não se resolvesse em alguns segundos. É melhor que qualquer cabeça de tripé que alguma vez tenha utilizado - nem sequer pode haver grandes comparações.
"Setup" de webcam para registar Saturno |
Saturno em 2002-12-19 01:00 UTC |
A suavidade de movimentos em ambos os eixos é excelente, podendo ser facilmente regulada pelos os ajustadores de tensão, conseguindo-se com algum trabalho equilibrar a montagem de modo a ser possível mover o tubo óptico apenas com um dedo. O balanço revelou-se mais crítico em tubos pequenos que em tubos mas pesados, especialmente quando se muda ou tira oculares pesadas, pois percentualmente, num tubo mais leve as oculares têm mais influência no balanço - podendo o tubo até em descair sem aviso. Convém o tubo ficar relativamente bem equilibrado (nariz e traseira com peso semelhante), senão obriga a uma maior utilização do parafuso fricção na altitude.
O conjunto do tripé (2.5 kg) + Giro (3.5 kg) + Takahashi FC-60 com diagonal e oculares (2.2 kg). Somam pouco mais de 8 kg, tornando-o ainda atleticamente transportável. (eu tenho que ter boa mobilidade no meu local de observação usual (pátio) que é bastante obstruído).
A esta montagem ainda se pode adicionar motorização com um kit ( Tech2000 GiroDrive) que acho na minha opinião demasiado caro para o que faz e principalmente porque retira portabilidade/independência ao conjunto.
O Takahashi na Giro em plena acção - fotografia solar |
Talvez seja a última montagem altazimutal portátil que necessite de adquirir para montar pequenos/médios telescópios. Não consigo vislumbrar nenhum defeito ou mesmo melhoramento que possa desejar, para além de ter que lhe dar um tripé mais sólido (de preferência de madeira) para tornar todo o conjunto ainda mais agradável de utilizar. A construção e mecânica são de primeira classe, sem quaisquer folgas ou ruídos e quer-me parecer que assim vai continuar por longo tempo. É realmente um prazer usar uma montagem desta categoria.
O que gostei:
O que nem por isso:
Outros links acerca desta montagem: