Este telescópio foi introduzido em 1995 e apareceu pela última vez no catálogo do fabricante em 2007, sendo neste momento um telescópio vintage e relativamente raro. O meu foi comprado novo em 2009 e segundo o número de série, foi o segundo telescópio deste modelo fabricado em 2007. Diz algures na internet, que a Takahashi fabricava cerca de 10 por ano, acredito mais algumas dezenas pelo menos nos primeiros anos de fabrico, o que permite inferir que foram fabricados muito poucos, na ordem de algumas centenas.
Pode ser configurado em dois modos: Cassegrain Clássico e Newtoniano, simplesmente mudando o espelho secundário, resultando na prática em dois telescópios. Apesar desta flexibilidade de ter vários focos, um pouco à semelhança dos grandes telescópios de observatórios terrestres, este sistema não me pareceu ter sido muito popular, talvez pelo o preço relativamente caro com todos os acessórios necessários para ambas as configurações face a outras ofertas do próprio fabricante.
Ambos os modos são sistemas reflectores puros, num tubo aberto. Não têm elementos refrativos que possam adicionar aberração cromática, não filtra o UV ou o IR e corretores para ficarem embaciados, como acontece nos mais populares Schmidt-Cassegrain. Por outro lado, o tubo é mais comprido e mais difícil de equilibrar.
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| Takahashi CN-212. | | Newtonian Cassegrain | |
| Espelho Primário | | Parabólico 212mm f/4 em pyrex 1 camada de alumínio | |
| Tubo | | Φ243mm (Φ222mm) x 855mm | |
| Peso | | 8.5kg | |
| Diâmetro efectivo | | Φ212mm 0.55" 917x 13.4 mag | |
| Buscador | | 7x50mm 6.3° (215mm?) ER 12mm, iluminado | |
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| Modo | | Cassegrain Clássico | | com redutor |
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| Espelho secundário | | Φ68mm hiperbólico convexo, pyrex multi-camada 34% obstrução | |
| Distância focal | | 2630mm f/12.4 | | 2105mm f/9.9 |
| Círculo de imagem | | Φ36mm | | Φ29mm |
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| Modo | | Newtoniano | |
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| Espelho secundário | | Φ72mm diagonal plano, pyrex multi-camada 34% obstrução | |
| Distância focal | | 820mm f/3.9 | |
| Círculo de imagem | | Φ43mm |
A focagem foi implementada com um parafuso que faz mover o espelho primário, que apesar de ser suave e homogénea, pode-se considerar uma característica menos desejável, pois altera a distância focal e até mover lateralmente ("shift") a imagem, que de resto é notório em grande magnificações (+300x). No entanto é possível montar um sistema de pinhão no foco Cassegrain e até no foco Newtoniano para resolver este problema e até dar possibilidade de motorizar o foco.
A construção do tubo é robusta e de grande precisão sendo internamente excelentemente obscurecido, com um diâmetro interior de 222 mm para acomodar sem vinhetagem o espelho primário de 212mm. Parece-me que é totalmente feito em alumínio com diversos graus de rigidez, e os outros componentes feitos com ligas à prova de corrosão. A estrutura de suporte do espelho secundário ("aranha") está bem fixa ao anel frontal, garantindo uma troca com mais repetitibilidade dos espelhos secundários sem necessidade de recolimar. A rigidez do tubo parece-me adequada ao seu comprimento pesando apenas 8.5 kg. que no entanto, requere uma montagem com capacidade de carga já um pouco elevada, como a EM-200.
Na realidade, vêm com todas as tampas e adaptadores para observação visual com oculares de 1.25"/2", sendo a rosca do foco Cassegrain de 71mm. O excelente buscador de 7x50 com 6.5° de campo real pode ser (opcionalmente) iluminado e faz parte integral do tubo, servindo também como uma conveniente pega. A robusta e pesada braçadeira dupla parece-me até ao momento adequada.
Existe um redutor focal para o modo Cassegrain (TKA74580) que infelizmente não possuo, que reduz a distância focal para 2105mm ficando a trabalhar a um mais luminoso e manejável f/9.9. De resto pode ser usado também o extensor focal (Extender-Q) que o põe com cerca 4 metros a f/20 - uma boa configuração para imagens de planetas e estrelas duplas.
Ainda não tive ocasião para arranjar uma caixa de transporte definitiva para o tubo, usando ainda a (dupla) caixa de cartão de fábrica, que apesar de tudo o trouxe até mim são e salvo do Japão.
Este sistema era fornecido à parte. O sistema newtoniano consiste num espelho diagonal plano de 72 mm que substitui o espelho hiperbólico na aranha de suporte do secundário, e também adaptadores para ficar com uma saída de 2" no foco. Na prática ambos os espelhos fazem uma obstrução de 34% porque o hiperbólico, apesar de ter menor diâmetro (68 mm) está rodeado enclausurado por uma "baffle" que lhe dá o mesmo diâmetro de obstrução.
Para astrofotografia é fornecido um corrector de coma (aberração comática) do tipo Ross que se insere no adaptador de 2 polegadas e tem uma rosca (54 mm) para o adaptador "wide" da câmara fotográfica. Não ilumina nem corrige para um sensor "full-frame", e considero apenas aceitáveis o quadrado central de 40'x40' com cerca de 1600x1600 pixel da totalidade da imagem da Canon 6DII, que tem 6240x4160 pixel com uma resolução efectiva de 1.44".
A substituição de secundário é um procedimento muito simples, coisa para demorar menos de 2 minutos se feito com cuidado. Apenas é necessário desenroscar o fixador e substituir um secundário pelo outro, que graças a um pequeno perno, é garantido que fica sempre na mesma posição. É impressionante como a colimação se mantém inalterada. Este kit está devidamente acomodado numa caixa IP65 para transporte.
Sendo um newtoniano de f/3.82, é muito sensível a colimação, sendo sempre necessário verificar. De noite aponta-se para uma estrela em alta magnificação, ou usando uma câmara. De dia utiliza-se um tubo de colimação (TKA00442) e uma ocular de colimação (TKA00441) que se enrosca num adaptador de 2". Basta centrar centrar no ponto marcado da diagonal correspondente ao verdadeiro eixo óptico, que está ligeiramente deslocado, a 4.7mm do centro para a esquerda. Consegue-se ver o primário todo no espelho diagonal, utilizando em princípio todos os 212mm de abertura.
É um enorme prazer usá-lo... apesar dos picos de difração causados pela robusta estrutura de suporte do espelho secundário. Sendo um tubo aberto, o tempo de estabilização é rápido e depende da diferença de temperatura, mas não me recordo de ter que esperar. No foco Cassegrain (a f/12.6) todas as oculares funcionam perfeitamente, no foco newtoniano apresentam muito coma no terço exterior, que no caso de oculares de grande campo aparente como a 24mm Panoptic e a 9mm Nagler é possível ignorar, ou então arranjar um Paracorr para tentar mitigar. Em ambos os modos o contraste é excelente como é esperado num Takahashi.
O telescópio estando numa montagem equatorial alemã como a EM-200, coloca a ocular em posições difíceis de alcançar. No foco Cassegrain uso uma diagonal para maior conforto, mas quando o telescópio está a apontar próximo do zénite, a ocular pode ficar muito baixa. O inverso acontece no foco newtoniano, no qual a ocular pode ficar muito alta, sendo por vezes também necessário rodar o tubo do telescópio, desapertando a braçadeira (não muito prático). O buscador 7x50 apesar de excelente partilha das inconveniências do foco Cassegrain, se o tubo estiver mais inclinado é muito difícil de usar.
É possível alternar entre visual e câmara muito rapidamente pois tenho um adaptador de 2" com uma ocular (a Panoptic 24 ou a Nagler 9) que está parafocal com a câmara, não sendo necessário sequer refocar.
Como em todos os Takahashi, estes telescópios foram construídos para astrofotografia apesar de este não ser um astrógrafo nativo. Na configuração newtoniana, a relaçao focal de f/3.82 permite que exposições curtas e não guiadas possam ter sinal suficiente para obter imagens (para mim) satisfatórias, apesar de apenas a parte central da exposição esteja realmente corrigida. O único cuidado a ter é verificar o foco se o tubo (espelho) teve uma grande alteração de posição. Na configuração Cassegrain aproveita-se pelo menos 4 vezes a área de astrofotografia.
De resto, só a habilidade do seu utilizador é o limite...
Alguns exemplos de astrofotografia (DSRL):
Uma boa colimação é importante para todos os telescópios, e absolutamente essencial para telescópios com relação focal tão curta. O manual de instruções descreve o procedimento de uma maneira algo confusa, que cito abaixo seguido da minha tentativa de tradução e interpretação.
O espelho diagonal secundário tem 3 roscas Allen (hexagonal) de 3mm (para empurrar) com 3 porcas de fixação de 8mm. No meio, uma rosca para puxar, em que é necessária uma chave de fendas de 10mm. A marca de do verdadeiro centro do eixo óptico está a 4.7mm do centro para esquerda (no sentido contrário do espelho primário).
Um método para colocar esta marca é delinear a diagonal numa folha de papel branco, recortar, dobrar em 4 para calcular o centro, e marcar depois o offset, e finalmente pondo uma pinta na diagonal, isto tudo, claro, com muito cuidado...
Ver este site para compreender o que isto do offset e porque é necessário.
O objectivo é quando se colocar o dispositivo de colimação acima e se olhar, o que se vê é a figura 20. Que se pode descrever como a marca da diagonal e o interior do adaptador 2" (na saída Cassegrain) perfeitamente concêntricos.
Para se perceber que partes é que se estão a referir:
 Estrela artificial que se pode arranjar...
Buraco de uma agulha num autocolante sobre o visor da porta de casa a 8 metros de distância.
Uma estrela artificial tem geralmente 50 micrómetros ou mesmo 9. Esta deve ter provavelmente 500 (meio mílimetro) e não é perfeitamente redonda, não se podendo tirar grande conclusão. |
Loosen the lock nuts on the visual back and turn the 50.8 sleeve so as to make the crossline of the collimating tube horizontal and perpendicular. Place the tube assembly on such position that both of the edge of the tube si faced to a plain and bright place like a white wall.
Loosen the pull nut of the diagonal mirror by a driver and screw in all the adjusting screws. When the mark on the diagonal mirror comes on the perpendicular line as shown in the fig. (c)-2, adjust the push screws to bring the mark at the cross. Then, turn the 50.8 adapter, loosening the pull screw and move the center of the 50.8 sleeve on the horizontal line as shown in the fig.(c)-3, fig. (d).
Take out the 50.8 sleeve from the visual back. Take a look at the side wall of the diagonal mirror holder through the 50.8 adapter and check the width of it viewed from the upper edge of the 50.8 adapter and from the lower edge as shown in the fig.(e). In the fig.(f), the holder is viewed better and positioned lower. If the width viewed in both case is equal, the alignment is finished.
7 Loosen the screw C and push the screw B to adjust the position of the diagonal mirror holder so as to be seen its side in equal width from the both edge of the 50.8 adapter.
8 Next check again the position of the mark on the diagonal mirror and you can see the center of the inside diameter of the 50.8 adapter is positioned above the cross line. Refer to the fig.(g)-1.
As the procedure No.8 has been finished, the center of the inside diameter of the 50.8 adapter is positioned at the cross point, but sometimes the mark on the diagonal mirror is positioned above or below the concentric point. In these cases, adjust its position with the pull and push screws provided on the visual back.
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Luís Carreira, Janeiro de 2024