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Vénus, Planeta Inferno

Vénus, o segundo planeta a contar do Sol e aquele cuja órbita está mais próxima da da Terra. Quando visto ao telescópio, apresenta-se sem pormenores discerníveis, muito por culpa da sua espessa atmosfera que cobre a superfície permanentemente.

Quando Vénus está visível no céu, é o objecto mais brilhante do céu, a seguir à Lua e ao Sol.

Tradicionalmente, as pessoas mais antigas, chamam a Vénus a estrela da manhã ou da tarde, consoante se está visível logo após o anoitecer, apresentando-se neste caso a Oeste, ou se está visível antes do Sol nascer, estando assim visível a Este.

As nuvens da atmosfera deste planeta, são muito, muito espessas e são responsáveis pelo enorme efeito de estufa a que Vénus está sujeito.

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Dados Principais

Vénus encontra-se a uma distância média ao Sol de 108 milhões de km. A distância de Vénus à Terra varia de um mínimo de 47 milhões de km e um máximo de 257 milhões de km.

Vénus é, de todos os planetas, o que possui a órbita mais circular. O desvio da circunferência perfeita é apenas de 1/150. O seu período de translação, ou seja, o seu ano é de 224.7 ("mais coisa, menos coisa") dias terrestres.

A sua rotação, é bastante incomum, tanto na direcção como na velocidade. A maioria dos planetas do Sistema Solar, quando vistos por cima do seu eixo de rotação, rodam no sentido contrário ao dos ponteiros dos relógios. Vénus, roda precisamente ao contrário. Roda no sentido dos ponteiros dos relógios, ou sentido retrógrado. Se não fossem as nuvens, um observador na superfície de Vénus veria o Sol nascer a Oeste e pôr-se a Leste. Quanto à velocidade de rotação...Vénus roda sobre o seu eixo muito devagar, demorando 243 dias terrestres para completar um dia venusiano, ou seja, uma volta completa sobre o seu eixo.

Vénus tem os seus períodos orbital e rotacional sincronizados com a órbita da Terra de tal forma que, nos mostra sempre a mesma face, de cada vez que se encontra mais próximo. As razões para este facto não são bem conhecidas, mas pensa-se que deva ter a haver com a influência gravitacional exercida pela Terra em Vénus.

Porque Vénus está mais próximo do Sol que a Terra, ele mostra-nos fases como as da Lua., De facto a descoberta destas fases pertence a Galileu Galilei, em 1610, descoberta esta que foi de facto uma das mais importantes da história da Astronomia. Foi com esta descoberta que se obteve a primeira prova directa de que a Terra não era o centro do Universo e que Ptolomeu estava errado, dando crédito à teoria de Copérnico de que o Sol, esse sim, estava no centro do Universo.

Vénus é o planeta gémeo da Terra, em termos de tamanho e massa. Vejamos...

O diâmetro de Vénus é de cerca de 12 102.5 km, ou cerca de 94.9% do diâmetro da Terra. Enquanto a sua massa é de 4.87x10^24 kg, isto é, cerca de 81.5% da massa da Terra. Estas semelhanças ao tamanho e massa da Terra, são acompanhadas por uma semelhança ao nível da densidade. Vénus tem uma densidade de cerca de 5.24 gramas por cm3, comparável aos 5.52 gramas por cm3 da Terra.

Em termos de forma, Vénus está mais perto da esfericidade perfeita do que a maioria dos planetas. Isto deve-se à rotação sobre o seu eixo. Quanto mais rápida for a rotação, maior vai ser o achatamento dos pólos e o "engordar" no equador. Como Vénus roda sobre o seu eixo, muito devagar, essas deformações, são muito pouco notórias. Mantendo assim a sua forma quase, quase esférica.

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A Atmosfera de Vénus

Vénus tem a atmosfera mais maciça de todos os planetas terrestres (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte). É composta por 96.5% de dióxido de carbono (CO2) e 3.5% de nitrogénio (N2). Foram detectados vestígios de um número de outros gases, incluindo monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), vapor de água (H2O), Argon (Ar) e Hélio (He). A pressão atmosférica deste planeta, à superfície varia consoante a elevação, mas em média é de cerca de 90 bars, ou seja, 90 vezes mais que à superfície da Terra (diz-se que são 90 atmosferas em Vénus). É a mesma pressão que se poderá encontrar a 1 km de fundo nos oceanos terrestres.

A temperatura da camada superior da atmosfera de Vénus, que se extende desde o limite do espaço até cerca de 100 km acima da superfície, varia de um máximo de 298 K, durante do dia, até um mínimo de 123 K à noite. Na chamada atmosfera média, as temperaturas aumentam suavemente de 173 K aos 100 km acima do solo para 263 K no topo das nuvens que se encontram a uma altitude de mais de 60 km. Abaixo do topo destas nuvens, a temperatura continua a subir através da atmosfera, ou neste caso, a troposfera, atingindo 733 K na superfície do planeta. Esta temperatura, é mais alta do que o ponto de fusão do chumbo!

As nuvens que envolvem Vénus são incrivelmente espessas. A camada principal extende-se desde mais ou menos 45 km acima da superfície até cerca de 70 km acima do solo. Existem também finas névoas que se extendem por diversos quilómetros abaixo das nuvens mais baixas e 20 km acima das mais altas. A névoa superior é um pouco mais espessa perto dos pólos do que noutras regiões. A camada principal está dividida em três sub-camadas. Todas as três são bastante ténues. Um observador, mesmo que estivesse nas zonas mais densas, conseguiria ver objectos a vários quilómetros de distância. As nuvens são brilhantes quando vistas por cima, reflectindo cerca de 85% da luz solar que lhes bate.

As partículas microscópicas que compõem as nuvens venusianas, consistem de gotículas de água líquida e talvez cristais sólidos. O material mais abundante que foi identificado nas nuvens, é ácido sulfúrico, H2SO4, altamente concentrado. Outros materiais que poderão existir incluem enxofre sólido e ácido nitrosulfuridico (NOHSO4). As partículas das nuvens variam de tamanho entre os 0.1 e mais de 1 micrometro.

As razões para que algumas regiões do topo das nuvens apareçam escuras quando vistas no ultra-violeta, não é conhecida totalmente. Poderão estar presentes materiais nestas regiões, que absorvam a luz ultra-violeta, como sendo o dióxido de enxofre, cloro ou enxofre sólido.

A forma como se movimenta a atmosfera venusiana, é bastante notável e única entre os planetas. Apesar da lenta rotação do planeta, as formações nas altas nuvens de Vénus demoram apenas 4 dias a dar uma volta completa ao planeta. O vento nesta região sopra de Este para Oeste a uma velocidade de cerca de 100 m/s ou 360 km/h (tanto quanto um carro de F1!). A velocidade dos ventos venusianos, decrescem notoriamente, consoante a altitude e são bastante lentos na superfície, tipicamente com velocidades da ordem do metro por segundo (menos de 4 km/h). As causa que originam esta rotação rápida na alta atmosfera venusiana, não é bem compreendida e continua a gerar polémica e pesquisa científica.

Há pouca informação disponível acerca das direcções dos ventos venusianos. Só uma pequena quantidade de dados foi obtida a partir de materiais movidos pelo vento. Apesar da baixa velocidade do vento da superfície, a grande densidade da atmosfera faz com que esses ventos movam materiais soltos, produzindo formações semelhantes a dunas. Foram obtidas algumas imagens de radar que mostravam estas formações.

Estas dunas, sugerem que os ventos, dominantemente, sopram na direcção do equador nos dois hemisférios. No hemisfério Norte, sopram principalmente para Sul e no Hemisfério Sul, para Norte. Esta ideia é consistente com os padrões de circulação existentes na atmosfera venusiana.

Segundo esta hipótese, os gases atmosféricos sobem quando aquecem no equador de Vénus, são transportados a grandes altitudes em direcção aos pólos, descendo para a superfície quando arrefecem e seguem, depois, junto à superfície, até ao equador onde o processo recomeça. Este fluxo pode ser responsável pelas orientações do vento observadas.

Uma consequência da espessa atmosfera de Vénus é um intenso efeito de estufa, responsável por um aquecimento brutal da superfície do planeta.

Por causa da sua cortina brilhante e contínua de nuvens, o planeta absorve menos luz solar que a Terra. Contudo, a luz que penetra o manto de nuvens, é absorvida tanto pela baixa atmosfera como pela superfície. Esta energia é depois irradiada de novo pela superfície e pela baixa atmosfera, em comprimentos de onda no domínio do infra-vermelho. Este tipo de radiação, aqui na Terra, escapa-se facilmente para o espaço, permitindo um confortável arrefecimento da temperatura na superfície. Mas em Vénus...A densa atmosfera de CO2 e as espessas nuvens são opacas a essa radiação, prendendo a maior parte no planeta. Essa radiação depois aquece ainda mais a baixa atmosfera, fazendo por último a temperatura na superfície subir por centenas de graus. Por isto é que Vénus, é o planeta Inferno.

Acima do corpo principal da atmosfera venusiana fica a ionosfera. Como o nome indica, é uma camada composta por iões, ou partículas carregadas, produzidas pela absorção de luz solar ultravioleta e pelo impacto do vento solar na atmosfera superior. Os iões mais abundantes são O2+ e CO2+.

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Campo Magnético

Ao contrário da maioria dos outros planetas, não foi encontrado nenhum campo magnético intrínseco. Medições sensíveis, realizadas por sondas em órbita do planeta, mostraram que qualquer campo originado do interior de Vénus pode ter um valor de 10^19 amperes por metro quadrado, bastante mais fraco que o da Terra de 8x10^22 amperes por metro quadrado.

A ausência de um campo magnético pode estar relacionada com a lenta rotação do planeta sobre o seu eixo porque, de acordo com a teoria de dínamo para a geração de campos magnéticos planetários, a rotação favorece as movimentações no interior do planeta que produzem o campo magnético.

Quando o vento solar (corrente de partículas carregadas expelidas pelo Sol) bate no planeta a velocidades supersónicas, geralmente forma uma onda de choque, isto é, uma onda de plasma que abranda, aquece e desvia o fluxo à volta do planeta. Para alguns planetas esta zona pode ficar a considerável distância da superfície, travada pelo campo magnético. Como Vénus não tem campo magnético, a zona de impacto fica a apenas umas centenas acima da superfície, travada apenas pela ionosfera venusiana.

De facto, o topo da ionosfera, chamado ionopausa, fica a uma altitude bem mais baixa no lado nocturno de Vénus do que no lado diurno, isto devido à pressão exercida pelo vento solar.

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A Superfície

As altas pressões de Vénus e os ventos de superfície muito lentos e, principalmente, as altas temperaturas, criaram uma paisagem bem diferente de qualquer outra no Sistema Solar.

As aterragens das Venera soviéticas, forneceram dados importantes sobre a superfície de Vénus. Mostraram que apesar das espessas nuvens, está bem iluminada pela luz que é filtrada pelas nuvens O tom amarelo-alaranjado da paisagem deve-se, em parte, à filtragem da luz feita pelas nuvens.

A característica mais surpreende de qualquer um dos locais de aterragem das Venera, foi o aspecto liso das rochas.

No meio das rochas, existe uma camada de solo, mais escuro e de grãos finos. O tamanho dos grãos é desconhecido, mas fino o suficiente para ser levantado pela aterragem das Venera.

As Veneras produziram alguma informação básica sobre a composição química dos materiais da superfície de Vénus. Apenas algumas proporções de alguns elementos foram medidas. Por isso não há informação precisa sobre as rochas e suas composições.

Foram usadas 2 técnicas para efectuar medidas. As Venera 8,9,10 possuíam espectrometros de raios gamma que mediam concentrações de isótopos radioactivos de urânio, Potássio e tório. Já as Venera 13 e 14 por exemplo, também tinham instrumentos de fluorescência raio-x para medir concentrações de um número de elementos principais.

Estas medições resultaram que as rochas no local onde ficou a Venera 8, eram semelhantes ao granito dos continentes terrestres. Nos locais das Venera 9 e 10, as medições radioactivas sugerem uma composição semelhante às rochas basálticas do fundo dos Oceanos e das regiões vulcânicas como o Havai e os Açores.

Já as Venera 13 e 14, mediram concentrações de silicio, alumínio, magnésio, ferro, cálcio, potássio, titânio e Manganésio.

A superfície de Vénus é composta, em termos de relevos, por uma diversidade de formações. Como se pôde verificar pelas observações de radar e pelas observações das sondas que por lá andaram.

A maior parte do planeta é, toda ela, rochosa e seca. Como não há nível médio do mar, as elevações são baseadas em raios venusianos, ou seja, a distância do centro do planeta até à superfície.

A maior parte do planeta são suaves planícies, com elevações, que variam desde algumas centenas de metros até distâncias de centenas de quilómetros. Em diversos locais, nas planícies existem ligeiras depressões que podem atingir vários milhares de quilómetros. Atalanta Planitia, Guinevere Planitia e Lavinia Planitia, são alguns exemplos.

Existem dois casos que saltam à vista, por serem elevações com o tamanho de continentes, conhecidas como Terrae: Ishtar Terra, no hemisfério Norte, do tamanho da Austrália e Aphrodite Terra, ao longo do equador, com cerca do tamanho da América do Sul.

Ishtar é o que possui a topografia mais espectacular de Vénus. O seu interior, grande parte dele, é composto por um planalto, Lakshmin Planum, idêntico ao Tibete. É ladeado por montanhas de ambos os lados, e a Leste ficam os Maxwel Montes, que são uma impononte cadeia do tamanho dos Himalayas, mas com cerca de 10 km acima da elevação média de Vénus - Imponentes!

Aphrodite é mais complexo que Ishtar. Caracterizada por várias montanhas e diversas gargantas estreitas e profundas.

Para além destas Terrae existem regiões elevadas mais pequenas, como Alpha Regio, Beta Regio e Phoebe Regio.

A maioria destes aspectos na superfície de Vénus, é devida a actividades tectónicas. Nestas formações podemos incluir, as cadeias de montanhas, deformações nas planícies, desfiladeiros, novae, coronae and tesserae.

Quanto a cadeias montanhosas, Existem nas Terrae e são semelhantes às cordilheiras da Terra(Himalayas, Andes...) O melhor exemplo são as cadeias existentes em Lakshmin Planum. Provavelmente foram formados pela compressão das placas da crusta venusiana, dobrando a superfície e subindo. De resto o processo terá sido idêntico ao de muitas cadeias terrestres. A forma é que é diferente. Devido à ausência de erosão por rios ou glaciares, estas montanhas são muito diferentes das nossas.

As deformações nas planícies de Vénus, são como as cadeias montanhosas, mas com um relevo muito menos importante. Existem principalmente em zonas baixas, como Lavinia e Atalanta Planitia. Provavelmente formaram-se como as cadeias de montanhas.Os desfiladeiros são as formações de origem tectónica mais espectaculares de Vénus. A maior parte existe nas zonas elevadas como Beta Regio. Estas formações são semelhantes a outras, do Sistema Solar, como por exemplo, o Grande Desfiladeiro do Leste Africano ou o Valles Marineris em Marte. Contudo as suas texturas são diferentes das da Terra, por causa da baixa erosão.

Novae...Formações que só existem em Vénus. Consistem em padrões radiais de falhas e fracturas, tipicamente no cimo de suaves elevações topográficas. Podem ter algumas centenas de quilómetros de diâmetro e centenas de metros de altitude. Formam-se quando bolhas de material quente, originados nas entranhas de Vénus, sobem para a superfície, empurrando as rochas para cima, fracturando a superfície num padrão radial, muitas destas formações foram locais de erupções vulcânicas.

As zonas chamadas coronae podem ser outra consequência dos blocos de material quente. São padrões ovais ou circulares  de falhas e fracturas, tipicamente com centenas de quilómetros de diâmetro. Assim que um destes blocos de material quente começa a subir e fica próximo da superfície e arrefece, deixará de moldar a superfície e deixará de suportar a topografia tipo novae. A elevação inicial acabará por ceder ao seu próprio peso, produzindo fracturas concêntricas. Assim, estas formações podem ser cicatrizes deixadas pelas bolhas quentes, enquanto as novae são produto de bolhas de material que ainda estão a subir ou não completaram a sua evolução.

As  tesserae são as zonas mais geologicamente complexas de Vénus. Regiões como Alpha Regio, são compostas em grande parte por este tipo de formação. É um terreno deveras enrugado e deformado, com diversas cristas e gargantas que se intersectam numa diversidade de ângulos.

É tão difícil descobrir como se forma, quanto são complexas. Poderão ser terrenos antigos que foram sujeitos a muitos episódios de formação de montanhas e falhas, que fizeram com que os materiais se fossem impondo uns sobre os outros.

Existem também várias formações vulcânicas em Vénus. Tal como pela actividade tectónica, Vénus passou por modificações de origem vulcânica, registando várias montanhas originadas desta forma. Por exemplo, Sapas Mons, com 400 km de largura, em Aphrodite Terra...São semelhantes a outros encontrados noutros planetas, incluindo a Terra, mas com áreas bem mais extensas. Os cursos de lava individuais, na maioria, longos e finos, indicam que as lavas eram muito fluidas e podiam viajar longas distâncias. Lavas assim na Terra e na Lua formaram basaltos, por isso deverá ser comum, este tipo de rocha em, Vénus.

Em algumas regiões, estes vulcões formaram montanhas idênticas às do Havai ou a Tarsis em Marte. Sif Mons, é um bom exemplo disto.

Também existem caldeiras em Vénus. Estas formações aparecem quando uma fonte de lava se esgota, fazendo o solo por cima colapsar. Existem muitas em Vénus e são praticamente circulares e bastante semelhantes às da Terra e Marte. Sif Mons, tem uma caldeira de cerca de 40 a 50 km de diâmetro.

Existem também vários vulcões com um aspecto bastante estranho. São chamados de vulcões de cúpula. São mais pequenos que os dois tipos anteriores e aparecem pelas planícies fora. Tipicamente têm algumas dezenas de quilómetros de diâmetro e 1 km de altitude, notoriamente circulares. Têm topos achatados e lados íngremes, parecendo ter sido formados por lava espessa e viscosa, que saiu de uma região central e se foi espalhando antes de solidificar. A composição destas lavas é desconhecida, mas baseados nas experiências terrestres, deverão ser muito mais ricas em sílica (SO2) do que os basaltos do resto do planeta.

A superfície venusiana é ainda, povoada e moldada por crateras de impacto. Estas crateras, à semelhança de outros locais do Sistema Solar, foram criadas por impactos meteoriticos. A tendência em Vénus é a mesma dos outros corpos sólidos do Sistema Solar, maior abundância de crateras pequenas mas, mesmo assim, só até um certo ponto...Crateras com centenas de quilómetros são raras em Vénus, com dezenas de quilómetros e mais pequenas são comuns. No entanto, crateras com menos de 3 quilómetros, não existem. Esta inexistência pode ser atribuída à densa atmosfera venusiana. Ela causa que os corpos mais pequenos se vaporizem, por fricção, ao passarem a altas velocidades pela atmosfera de Vénus. De facto, as crateras grandes tendem a não ser circulares. Em vez disso, têm padrões irregulares e complexos, muitas vezes com diversos fossos, em vez de um único circular, sugerindo que o corpo que embateu lá, se partiu em várias partes no momento que atravessava a atmosfera.

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O Interior

Muito menos se sabe acerca do interior de Vénus. Contudo como o planeta é muito parecido com a Terra, pode-se esperar que tenha evoluído para um estado minimamente parecido com o da Terra. Assim provavelmente tem um núcleo de metal, um manto de rocha densa e uma crusta de rocha menos densa. O núcleo, como o nosso, provavelmente é composto principalmente por ferro e níquel, se bem que a presença de materiais menos densos, como o enxofre seja uma possibilidade, devido à menor densidade do planeta.

Porque nenhum campo magnético intrínseco foi detectado em Vénus, não há prova directa de um núcleo metálico, mas esta ausência, como referido anteriormente, pode dever-se à lenta rotação do planeta.

Cálculos da estrutura interna venusiana, apontam para que a fronteira exterior do núcleo se fique a pouco mais dos 3000 km acima do centro.

Por cima do núcleo e por baixo da crusta, fica o manto, formando a maior parte do volume de Vénus. Apesar das temperaturas infernais da superfície, as temperaturas no manto deverão ser semelhantes às do manto terrestre. Apesar do manto planetário ser de rocha sólida, ele é como um glaciar, o material mexe-se lentamente, permitindo que ocorram movimentos de convecção, que são responsáveis por equilibrar as temperaturas interiores.

O calor no interior de Vénus é gerado, como aqui, pelo decaimento radioactivo dos materiais. Este calor depois é transportado por convecção para a superfície. Se o manto venusiano fosse mais quente que o terrestre, a viscosidade das rochas diminuiria, apressando a convecção, e a consequente libertação de calor. Assim o interior de Vénus, apesar da temperatura à superfície, poderá acabar por ser semelhante ao da Terra.

Apesar das muitas semelhanças entre Vénus e a Terra, as superfícies dos dois planetas são geologicamente diferentes. Parece não existir tectónica de placas em Vénus. A deformação da crusta, parece ser devida a movimentos do manto, mas em vez de ocorrerem nas fronteiras das placas, são alargados a vastas áreas de dezenas até centenas de quilómetros.

A falta de placas, parece dever-se à grande temperatura à superfície de Vénus. Tornando a litosfera venusiana mais rígida e difícil de subjugar pelo manto.

A ausência de água à superfície de Vénus, é outra diferença importante entre o nosso planeta e Vénus. Esta ausência diminui bastante os processos de erosão. Muito raramente se vêm evidências de erosão, pois todas as formações tendem a persistir até que os movimentos tectónicos ou o vulcanismo as alterem.

Talvez a mais importante semelhança entre a Terra e Vénus seja o facto de os dois serem planetas geologicamente activos.

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Factos Rápidos
Distância Média ao Sol 108,000,000 quilómetros
Excentricidade da órbita 0.007
Inclinação da órbita em relação à ecliptica 3.4 graus
Período de revolução sideral (ano) 224.7
Período de rotação (dias) 243, retrógrado
Período sinódico médio (dias) 584
Velocidade orbital média 35 km/s
Inclinação do equador perante a órbita 177 graus
Massa 4.87(10^24) kg (0.815 massas terrestres)
Diâmetro (atmosfera não incluída) 12,102.5 quilómetros (0.949 diâmetros da Terra)
Densidade 5.24 gramas por cm^3
Número de luas conhecidas nenhuma
Gravidade à superfície 860 cm/s^2
Composição atmosférica 96% dióxido de carbono, 3.5% nitrogénio molecular, 0.2% água; vestígios de monóxido de carbono, oxigénio molecular, dióxido de enxofre, cloreto de hidrogénio e outros gases.
Pressão atmosférica à superfície 90 bars
Temperatura média à superfície 735 K
Temperatura média das nuvens visíveis 230 +/- 10 K

Temperaturas expressas em Kelvin (1 K = -273º C)
^ Significa elevado à potência de (2^2, 2 ao quadrado)

Fonte: Enciclopédia Britannica 2000 (R)

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