Astronomia e Astrofotografia | ||||||||||||
por Luís Ramalho |
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Construção de uma "estrela" artificial
A construção da estrela artificial teve por base o excelente artigo de Guilherme de Almeida publicado na revista ASTRONOMIA DE AMADORES nº 11(Julho/Setembro de 2001) da Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores (APAA), embora com algumas modificações. A construção de uma estrela artificial, aliás muito fácil, justifica-se para as tarefas de colimação dos telescópios que delas necessitem, nomeadamente os SCHMIDT-CASSEGRAIN. A estrela artificial evita a falta de transparência do céu e a excessiva cintilação provocadas por uma atmosfera turbulenta. Permite, por isso, que as melhores noites não sejam desperdiçadas nas tarefas de colimação e sejam dedicadas à observação e à fotografia. Fundamentalmente, a estrela artificial é constituída por um corpo principal em cuja parte frontal existe um pequeno orifício que é iluminado por uma lâmpada acoplada à parte posterior do corpo principal. O orifício iluminado, que pretende simular um ponto de luz (e, portanto, uma estrela), tem um diâmetro de cinco décimas de milímetro (0.5 mm), o diâmetro de uma agulha, o qual, visto a uma distância de 45 metros (distância a que coloquei a estrela), apresenta um diâmetro angular de 2.29 segundos de arco. Para colimar o telescópio a distância mínima aconselhável é de 12 distâncias focais. O referido diâmetro angular não pode ser superior ao poder de resolução do telescópio. A equação diâmetro (linear) da estrela artificial (em mm) = 0.00485 x d x D onde d - diâmetro angular da estrela artificial (em segundos de arco) e permite determinar o diâmetro angular da estrela artificial, conhecidos que sejam o seu diâmetro linear e a distância à objectiva do telescópio. Isto é, diâmetro angular (d) = diâmetro linear / (0.00485 x distância ao telescópio) Assim, uma estrela artificial com um diâmetro linear de 0.5 mm colocada a uma distância de 45 metros apresenta um diâmetro angular de 0.5 mm / (0.00485 x 45 m) = 2.29 segundos de arco. Um diâmetro angular de 2.29 segundos de arco é ainda excessivo para o LX200 de 10" que possuo. É que o diâmetro angular da estrela artificial não deve ser superior ao raio angular do disco de Airy dado por este telescópio.O raio angular do disco de Airy característico deste telescópio é de 140 / Abertura do telescópio (em mm) = 140 / 254 mm = 0.55 seg. arco Ora, é necessário fazer diminuir o diâmetro aparente da estrela artificial, o que se consegue fazendo aumentar a distância da estrela ao telescópio, diminuindo o diâmetro do orifício ou colocando uma ocular em posição invertida à frente do orifício. O factor de redução óptica, n, conseguido por esta última solução é dado pela fórmula n = (p / f) - 1 onde f - distância focal da ocular (em mm) e Utilizando uma ocular de 15 mm a uma distância de 10 cm do orifício (100 mm) consegue-se um factor de redução óptica de 6.7. Assim, o oríficio passará a apresentar um diâmetro linear aparente de 0.5 mm / 6.7 = 0.075 mm o qual, visto à distância de 45 metros, terá um diâmetro aparente de 0.34 segundos de arco, valor inferior ao poder de resolução do telescópio (0.55 segundos de arco). Dos elementos que constituem a estrela artificial podemos referir que o corpo principal (D) tem 7.6 cm de comprimento, incluindo a tampa posterior (A). Esta tampa tem um diâmetro exterior de 36 mm e interior de 33 mm e é perfurada para dissipar o calor interno gerado pela lâmpada. A lâmpada (C) utilizada é uma lâmpada de mínimos dos automóveis de 12 V e 5 W, a qual é enroscada num casquilho próprio (B) que é fixo ao corpo principal com dois parafusos (H). Na parte frontal, existe um orifício de 4 mm tapado pela tampa (G) onde se encontra o orifício de 0.5 mm, o qual simula o ponto de luz. Entre os dois oríficios foi interposto um pedaço de papel vegetal (F) para difundir de modo mais homogéneo a luz emitida. O sistema pode ser ligado a uma pequena bateria de 12 volts através de uma ficha de isqueiro de automóvel. A estrela artificial pode ser fixa num tripé através de uma porca com rosca de 1/4 de polegada (E). O pequeno esforço na construção da estrela artificial vale bem a pena. Consegue-se testar a colimação de uma forma muito rápida, precisa e sem limitações meteorológicas. Vamos todos colimar os nossos telescópios?... Toda a manufactura da estrela artificial foi manual e realizada por José Ferreira. Luís Ramalho Julho de 2002 |
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