NEBULOSA ÁGUIA (M16)

 

Nota prévia: As crominâncias foram tiradas através de um céu muito "opaco" originado pelo fumo de numerosos incêndios que, à data, grassavam no centro de Portugal. A extinção atmosférica nos comprimentos de onda correspondentes ao azul e verde é particularmente intensa. Os gradientes existentes, principalmente no azul, foram difíceis de ultrapassar.
A utilização de um filtro de banda larga nas luminâncias provocou um padrão de reflexão nas estrelas mais brilhantes, o qual optei por não corrigir.

Notas sobre o objecto: Enxame M16 (NGC 6611) descoberto por Philippe Loys de Chéseaux em 1745-6.
Nebulosa IC 4703 descoberta por Charles Messier em 1764.
No limite entre a constelação da Serpente (cauda) e a do Escudo, apenas a 2º a Norte de Sagitário, muito perto do equador galáctico e encontrando-se numa zona riquíssima do céu, a M16 é seguramente um dos objectos mais bonitos. No centro da imagem é possível ver dois cúmulos separados por 25' alinhados NNO-SSE, dos quais o mais setentrional é mais brilhante e compacto. Estes enxames foram originados por uma nebulosa de gás e poeira, a IC 4703, a qual brilha agora por emissão, excitada pela luz de alta energia das suas jovens, massivas e quentes estrelas. A designação deste objecto advém da forma de águia no centro da nebulosa. A imagem mostra alguns glóbulos de Bok, zonas de formação de novas estrelas. As estrelas mais brilhantes da zona central da imagem, da 8.1 à 9ª magnitude são todas do tipo O/B que, por se encontrarem saturadas na imagem, não é possível mostrar a sua cor azulada. De facto, na zona central da imagem existe abundância de estrelas supergigantes e muito luminosas, que no conjunto podem ter uma luminosidade superior a 25 mil sóis, quase comparável à de um enxame globular pequeno, apesar de serem apenas cerca de 65 estrelas. Assim se explica que a M16 tenha uma magnitude de 6, apesar de estar a uma distância aproximada de 7000 anos-luz. Na imagem é também possível ver milhares de estrelas de tonalidade avermelhada dado que se encontram "imersas" em plena nebulosidade. Repare-se como muitas estrelas azuis sofrem alteração na sua tonalidade devido à nebulosidade. A dimensão da nebulosa é de 70x55 anos-luz.

 

Telescópio: Takahashi FS-78
Abertura: 78 mm
Distância focal: 630 mm

Relação focal: f/8.1
Montagem: Em "piggyback" no Meade LX 200 10" f/10

Câmara: SBIG ST-8XE NABG
Temperatura da câmara: -10º C nas luminâncias e 0º C nas crominâncias.
Filtros: Roda de filtros SBIG CFW-8A
Guiagem: Autoguiagem

Número de estrelas na imagem: 4388
Resolução da imagem: 2.935 segundos de arco por pixel
FWHM: 3.2 pixeis nas imagens originais da luminância (bin1x1) e de 2.2 pixeis nas crominâncias (bin2x2).
Distância focal efectiva: 633 mm
Relação focal efectiva: f /
8.12
Campo e coordenadas: 73'x48' centrado na Ascensão Recta 18h 19min e Declinação -13º 51'.
Ângulo de posição da imagem
: 0.422º. Norte para cima.

Condições ambientais em 18/07/2003 (Luminâncias): Temperatura de 23º C e vento fraco.
Condições ambientais em 31/07/2003 (Crominâncias): Temperatura de 29º C, vento fraco, pouca transparência devido ao fumo de grandes incêndios no centro de Portugal.

Tipo de imagem: LRGB
Exposição: Luminância (binning 1x1) : 75 minutos através de filtro de banda larga TH LP1;
R
GB ( binning 2x2) : 25 minutos por canal.


Processamento: Adquirido com o CCDsoft, Processamento dos darks e flats no MaximDL, alinhamentos no Registar, Deblooming no DeBloomer, correcção dos filtros para o "branco" e dos efeitos da extinção atmosférica aplicando os factores globais R=0.82 G=0.86 B=0.43 (correspondendo à calibração dos filtros para o "branco" os factores R=0.900, G= 1 e B=0.542, determinados por comparação com a estrela HIP 70755 de classe espectral G2), normalização das luminâncias e crominâncias no MaximDL, composição RGB no MaximDL, composição LRGB no Photoshop, deconvolução Richardson-Lucy sobre a luminância com 1 iteração no CCDsharp, curvas, níveis, etc. no Photoshop.

 

Data: 18/07/2003 e 31/07/2003
Localização: Centro de Portugal (Tomar)

© Luís Ramalho 2003