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A Natureza Celeste

 

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A Natureza Celeste


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        Deus quando fez o mundo não pensou em embelezar somente a Terra. O Universo também contém belezas singulares, de impressionante impacto. Não são apenas as estrelas que pontilham o céu noturno, mas inúmeros objetos celestes de outras categorias, além dos planetas e da própria Lua. Sem falar na nossa própria galáxia, a Via Láctea.

        Estando longe das luzes das cidades e sob condições climáticas boas, ou seja, sem nuvens, de preferência com tempo seco, olhamos para o céu e vemos uma infinidade de estrelas. Uma boa idéia é apagar as luzes do local, sair e deixar a vista se acostumar à escuridão. Somente neste momento percebemos que existem muito mais estrelas no céu do que estávamos acostumados a ver. E não apenas estrelas. Alguns objetos de interesse podem ser vistos sob essas condições. É o caso da Via Láctea, que aparece alta no céu em julho (considerando horário das 22 horas), caracterizando-se como uma faixa leitosa de grande destaque contra a escuridão do céu. A Pequena Nuvem de Magalhães e a Grande Nuvem de Magalhães aparecem bem entre outubro e fevereiro. São duas galáxias que orbitam a nossa Via Láctea, caracterizando-se como galáxias-satélite. O aglomerado estelar das Plêiades está próximo das Três Marias, quase sobre o alinhamento delas.

        Mas mesmo sob condições ideais, o reduzido diâmetro das nossas pupilas não nos deixa ver objetos mais fracos. A luz que chega aos nossos olhos não é suficiente para que ocorra a sensibilização. Para se ter uma noção, as estrelas e os planetas recebem um valor, chamado magnitude, de acordo com seu brilho no céu. Quanto mais brilhante uma estrela, menor o valor da magnitude, que pode assumir valores negativos. Fala-se que sob condições ideais e longe de luzes conseguimos ver estrelas até a magnitude 6. Abaixo seguem alguns valores de magnitude:

Objeto

Nota

Magnitude

Sirius

A estrela mais brilhante de todo o céu

-1,6

Canopus

A segunda estrela mais brilhante de todo o céu

-0,9

Antares

A estrela mais brilhante da constelação do Escorpião

1,1

Marte

No dia 27 de agosto de 2003, em sua maior aproximação com a Terra em milhares de anos

-2,9

Urano

Dificilmente visível a olho nu

entre 5,7 e 6,0 aproximadamente

        Existe uma regra empírica que diz que quando se acrescenta uma magnitude, o número de estrelas triplica. Ou seja, existem aproximadamente três vezes mais estrelas no céu até a magnitude 6 do que até a magnitude 5. Existem aproximadamente 9 vezes mais estrelas até a magnitude 8 do que até a magnitude 6.

        As estrelas de magnitude igual ou inferior a 6 são aquelas mais próximas de nós, dentro de um raio de algumas centenas de anos-luz (1 ano luz é igual a 9,5 trilhões de quilômetros). Existem inúmeras estrelas mais fracas, assim como diversos objetos como galáxias e nebulosas que não conseguem sensibilizar nossa retina, ficando portanto escondidos dos nossos olhos. Mas não da lente de uma máquina fotográfica. A diferença entre uma máquina fotográfica e o nosso olho é que a máquina tem a capacidade de acumular luz pelo período que escolhermos. Podemos deixar uma máquina com a lente aberta apontada para o céu e esta acumulará luz no sensor até que encerramos a exposição.

        Qualquer um que possua uma câmera capaz de expor durante pelo menos 15 segundos será capaz de capturar mais estrelas do que as que conseguimos ver na mesma área do céu. Apenas monte-a num tripé, escolha um local longe de cidades grandes e aponte-a para o alto, em direção às estrelas, numa noite límpida e sem Lua. É importante que a noite seja sem Lua e que o local escolhido tenha poucas luzes, pois ao contrário haverá uma luminosidade no céu que contaminará a foto, apagando algumas estrelas.

        Expondo por 15 segundos nas condições acima revelará mais estrelas que as possíveis de serem vistas a olho nu. Mas existe um limite para o tempo de exposição?

        Com a rotação da Terra, as estrelas parecem mover-se pelo céu. Em uma exposição longa as estrelas se deslocarão pelo campo de visão da câmera, originando rastros que aumentarão de tamanho a medida que o tempo passa. O objetivo da longa exposição é fazer com que o sensor da máquina receba luz em quantidade suficiente para que seja sensibilizado. Como as estrelas emitem muito pouca luz, é necessário que o sensor seja exposto a essa luz durante um tempo longo para que ela seja acumulada. Mas com a rotação da Terra e ao conseqüente movimento aparente das estrelas, a luz de uma estrela em particular não atingirá sempre o mesmo ponto do sensor. Assim não haverá acúmulo. Expondo durante muito tempo, as estrelas deixarão rastros na foto ao invés de aparecerem como simples pontos, e as mais fracas não aparecerão. Por isso recomenda-se expor no máximo 15 ou 30 segundos.

        Para contornar esse limite, é necessário que a máquina fotográfica acompanhe o movimento aparente do céu. Ou seja, ela deverá ser montada sobre uma estrutura que rotacione na mesma taxa que a Terra. A maneira mais usual de se fazer isso, ao mesmo tempo bastante cara, é montar a câmera sobre um telescópio com motor. Esses telescópios giram de acordo com a Terra, acompanhando as estrelas no céu. Mas na falta de um telescópio desses pode-se improvisar.

        A idéia é montar a câmera fotográfica sobre algo que possa acompanhar a rotação da Terra como um telescópio motorizado. É possível se construir com pouco material um dispositivo desses, usualmente denominado "Plataforma Equatorial" (em inglês, "Barn Door Tracker" ou "Tangent Arm Drive").