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Pátio XXX

Pátio XXX

2023.XX.XX
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt. 130m)

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Pátio XXX - Roupa interior

2023.XX.XX
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt. 130m)

Apesar de ser grande apreciador e utilizador de cartas e livros impressos nas observações no campo, não deixo de aproveitar o que a tecnologia oferece para facilitar a desfrutação deste "hobby". Eu uso "gadgets" desde que adquiri em 1997, o avô dos "smartphones", o PalmPilot Professional com um upgrade de uns estonteantes 2 megabytes de memória, e que ainda hoje funciona! , na altura era chamado de PDA ("Personal Digital Assistant") e nele usava a aplicação Planetarium, e algumas folhas de cálculo e base de dados. Era até possível controlar o meu telescópio primogénito, o Meade ETX90EC!. Ler aqui um artigo de época não adulterado, escrito por mim sobre o "Palm".

Mas, nos tempos que correm, uso um Iphone que tem capacidades absurdamente superiores, mas que não deixa de ser um zingarelho com um tempo de vida limitado, não muito preparado para suportar temperaturas baixas, humidade, pó e algumas ocasionais quedas no chão. As cartas e os livros impressos em papel de qualidade, devidamente curados por humanos e cuidados, por outro lado, maduram-se e envelhecem connosco, mantendo o conteúdo imutável e por vezes até anotado pessoalmente, sofrendo uma lenta obsolescência, que é para mim encantadora. Enfim, talvez uma rabugice de quem nasceu no ano juliano 2440222.5 ...

Software 2023

Sky Safari 7 Pro

Um dos planetários pioneiros na plataforma iOS, e tenho-o usado desde sempre - até se lembrarem de a pôr em modo subscrição para funcionar. A versão "Pro" permite instalar 90 milhões de estrelas até 16 magnitude (Gaia) e o catálogo PGC (3 milhões de galáxias) para um caso de emergência no meio do mato. Permite controlar montagens usando wifi, e até fala se se achar que é realmente necessário. E tem muitas outras funcionalidades que não uso.

Nenhum astrónomo amador deve sair de casa sem alguma versão instalada no seu telefone. É especialmente impressionante num Ipad e recentemente também se pode usar em Macs com processadores M. Utilizo para observação e planeamento ocasional, e também para ver onde andam os cometas e asteróides ou outros eventos que de algum modo requerem informação em tempo real.

Características que na minha utilização considero muito úteis:

Dica: esta aplicação é cara. Esperar por promoções (50% ou mais), que estão sempre a acontecer por qualquer desculpa relacionada com o dia do pai ou a qualquer evento astronómico ou astronáutico. Existem, no entanto muitas alternativas disponíveis e gratuitas. Funciona num Mac com os processadores M1/M2/M3. fabricante, descarregar iOS

Polar Scope Align Pro Watch

Para mim, a principal função é mostrar onde colocar a estrela Polar no retículo (polar) da Takahashi P2-Z, O que faz na perfeição, tendo em conta, além da precessão, a nutação, a aberração e refração atmosférica, com uma precisão bem acima da resolução do próprio retículo, cujas marcações já expiraram em 2015. Suporta também grande parte das montagens populares que foram feitas até à data. Mas tem muito mais do que isso: níveis, fórmulas, catálogos de objectos, previsão atmosférica etc. É um verdadeiro canivete suíço do alinhamento polar, de todas as formas e feitios. Para a maioria talvez bastará a versão gratuita, mas comprei a versão "Pro" para suportar o programador - ele merece. fabricante, descarregar iOS 9,99€ (Pro) e versão gratuita

APT Darkness Clock

Esta aplicação vai direta ao assunto: quando começa e acaba a noite astronómica, que por definição acontece quando o Sol se encontra a 18 graus abaixo do horizonte, tendo em conta a localização, as fases da Lua, e as correspondentes horas do ocaso e nascente. Funciona também num Mac com os processadores M. fabricante, descarregar iOS Gratuita, descarregar Android

Astroaid

Gosto muito desta aplicação. É possível ver as características de todas as combinações possíveis com os instrumentos, redutores, sensores, oculares e binóculos e ter uma noção de como um objecto fica enquadrado, com 17 catálogos completos, nem mais, com possibilidade de descarregar a imagem DSS. Um pequeno grande pormenor: mostra o número das cartas dos atlas Interstellarum, Millennium, SkyAtlas 2000, Pocket Sky Atlas, Uranometria 2ª, e até do Observer's Sky Atlas do Karkoschka! e tem mais uma dúzia de outros à escolha. fabricante, descarregar iOS 2.99€

Pátio XXX croqui

2024.XX.XX
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt. 130m)

Lanternas

A visão humana adapta-se à quantidade de luz que incide nos olhos. Primeiramente, de maneira quase imediata, abrindo e fechando rapidamente a pupila (a parte negra da íris), e depois mais lentamente, até 30-40 minutos, com adaptação química com a produção de uma proteína sensível à luz, rodopsina, também conhecida como púrpura visual, que torna os olhos mais sensíveis, mais precisamente os seus bastonetes, que são responsáveis pela a nossa visão periférica e nocturna, mas com o efeito secundário da visão ser monocromática no escuro. Esta adaptação faz parte do nosso "kit" evolucionário de sobrevivência.

A razão por que se usa a luz vermelha durante as observações é a de não afectar (tanto) a adaptação da nossa visão nocturna, e permitir uma recuperação um pouco mais rápida. Não é de todo consensual se realmente a cor vermelha é a mais eficaz, mas no entanto, é consensual que a intensidade é o factor mais importante, podendo-se usar luz amarelada ou esverdeada de muito baixa intensidade, no fundo, qualquer cor poderá servirá consoante o propósito.

Lanternas LED

A questão fundamental, é que pode não ser o suficiente para ler os atlas ou livros, ou até, onde se pode pôr os pés. Uma luz intensa, ou muito focada, mesmo sendo vermelha, também faz perder a adaptação da visão nocturna - até pode mesmo observando estrelas brilhantes através do telescópio. Na prática, mesmo sob um céu mesmo escuro, provavelmente poderá ser impossível atingir a adaptação máxima, excepto se usarmos um manto escuro sobre a cabeça a tapar toda e qualquer luz, mesmo a luz natural do céu (Via Láctea, brilho do céu, etc...) - mas já seria partir para algo militante e radical.
Como em tudo, varia um pouco de pessoa para pessoa, e nada como testar para o melhor compromisso.

Lanternas LED

No meu caso, uso lanternas com LED vermelhos (ou quase), ou filtrada, adicionando se possível, um difusor para espalhar e distribuir homogeneamente a luz, tornando-a mais suave, de modo a que possa iluminar a uma distância que seja legível, uma boa área de uma carta estelar, ou então, uma lanterna com baixos lúmen (sub-lúmen) de luz amarelada.
Se pretendo observar, ou melhor, detectar algo que esteja no limite da visibilidade, será obrigatoriamente necessário não olhar para nenhuma luz (de qualquer cor) pelo menos durante 15 minutos.

Dito isto, qualquer lanterna serve, desde que esteja filtrada com vermelho "profundo", e devidamente atenuada, quer por regulador, quer por filtro. Pode-se adaptar uma lanterna comum, pintando o LED com verniz das unhas (vermelho escuro) ou por uma camada de celofane vermelho até ficar suficientemente atenuada e na cor mais ou menos correcta.
Eu costumo usar as lanternas penduradas num cordão ao pescoço, expostas ao relento, por tal é aconselhável que seja leve, com baterias resistentes ao frio, como as de lítio, e que permita regular a intensidade se possível.

Lanternas LED

A Rigel Systems Skylite, versão original e mini, tem um duplo LED vermelhos (660nm) e também 2 LED brancos, sendo regulável em intensidade. Durante muitos anos foi a minha escolha. Como não tem reflectores para focar e distribuir a luz, o foco tem dois pontos de luz mais intensos (dos dois LED), tornando a iluminação bastante irregular, com zonas mais escuras. Usa uma pilha de 9V que tem a tendência de perder alguma eficiência com o frio. A construção é um pouco tosca, com parte da frente a soltar-se facilmente, mas nada que fita cola não resolva...

A Petzl e+LITE foi pensada para ser uma lanterna de emergência e é para usar na cabeça, libertando as mãos para por exemplo, montar ou arrumar equipamento. O LED vermelho emite 2 lúmen e também tem luz branca de 40 lúmen se necessário. Não a uso em comunidade, pois mesmo tendo cuidado, é fácil "cegar" os companheiros inadvertidamente. Usa 2 pilhas 2032 de 3V. Resistente ao frio e à prova de água.

A Nitecore MT10C é uma pequena lanterna "táctica", com LED vermelho (ligeiramente alaranjado) de 0.8 lúmen e pode atingir até os 900 lúmen na luz branca, o suficiente para acordar pássaros a 100 metros... Com o filtro difusor colocado (acessório da marca), proporciona um foco de luz espalhado e suave, iluminando uniformemente a totalidade das cartas do Sky Atlas 2000 ou do iDSA - a intensidade é um pouco alta, mas os meus olhos neste momento necessitam de mais luz.
A qualidade de construção é tal, que dá para partir nozes com a parte detrás. É à prova de água, quedas e por usar baterias de lítio, resistente ao frio, sendo possivelmente útil num apocalipse zombie.

Embora possa ser arriscado usar esta lanterna num ambiente comunitário (ex: Astrofesta), tem memória da última intensidade/cor utilizada, e geralmente está no LED vermelho, mas no caso de não ter a certeza, é sempre possível ligá-lo directamente. Pode usar uma pilha de lítio recarregável de 3.7V ou uma primária CR123 de 3V, tendo uma autonomia entre 18-24 horas na luz vermelha. Estas lanternas modernas tem uma qualidade de luz e eficiência impressionantes, e que tenha conhecimento, não existem lanternas dedicadas a astronomia com esta qualidade de foco, que sejam de intensidade regulável, e usem LED realmente vermelhos (660nm), o que é pena. Apesar disso, esta é atualmente a minha lanterna preferida.

Abaixo está a Nitecore com filtro difusor (à esquerda), e a Rigel Skylite (versão original). Estão a iluminar uma carta de Sky Atlas, com a distância e intensidade adequada de modo a ser (a mim) legível. Notar a suavidade de iluminação da Nitecore.

Mitecore

Sobre a Lua e lux e lúmens

A Lua, obviamente não é um emissora de luz, mas sim uma reflectora da luz do Sol. Uma lua cheia, equivale a uma intensidade de iluminação de 0.25-0.27 lux (lúmen/m2), sendo variável porque a Lua pode estar a distâncias orbitais diferentes, poluição atmosférica, reflexão nos objectos locais, altitude no horizonte, etc. As luas cheias têm luminosidade suficiente para permitir actividades nocturnas, como colheitas, caça e pesca, e até rituais religioso, daí algumas delas terem nomes tradicionais.
Ver este artigo 'How bright is moonlight?'

Lúmen (lm)
medida do fluxo de luz de um emissor
Candela (cd)
Intensidade de iluminação numa determinada direção. Lúmen por/esterorradiano (Equivale ao ângulo sólido formado por um cone tal que a área da esfera de raio unitário, cujo centro fica no ápice deste cone, tenha o valor de um metro quadrado)
Lux
Valor dos lúmen projectados numa superfície de 1 metro quadrado, Luminância. = Candelas/distância^2

Toma-se como valor de referência 0.25 lux para luminosidade útil (ANSI/PLATO FL 1 ). Os lúmens e candelas são geralmente fornecidas pelos os fabricantes de lanternas de qualidade. Os lúmens não contam a história toda, porque a performance final tem que ter em conta a qualidade do vidro frontal e da caixa reflectora. Um pouco à semelhança dos telescópios e binóculos. Uma lanterna com o mesmo emissor, pode ser concebida para ter um foco mais apertado e intenso ou mais espalhado e menos intenso. A utilização de um difusor permite alterar a curva de distribuição de uma lanterna, espalhando por mais área e encurtando a distância do foco.

Declinação e Ascensão Recta

Ascensão recta
Distância angular na esfera celeste medida no sentido este ao longo do equador celeste desde o equinócio até ao circulo-hora que passa por o objecto celeste.
Declinação
Distância angular na esfera celeste medida a norte/sul do equador celeste. É medida ao longo do círculo-hora que passa pelo objecto celeste.
Equador Celeste
É a projeção na esfera celeste do equador da Terra
Esfera Celeste
Esfera imaginária de raio arbitrário na qual os objectos celestes podem ser considerados estar colocados. Conforme as circunstâncias, pode estar centrada no observador na superfície terrestre (topocêntricas), centro da Terra (geocêntricas) ou qualquer outra localização.
Eclíptica
Plano médio da órbita da Terra à volta do Sol.
Precessão
Movimento progressivo e uniforme do polo de rotação de um corpo (rotacional) livre sob a ação de torque originado em forças gravitacionais externas. No caso da Terra, a componente de precessão causada pelo o Sol e a lua a atuar no bojo equatorial é chamada precessão lunisolar; a componente causada pelos os outros planetas é chamada precessão planetária. A soma destas é chamada precessão geral.

Sempre fiquei curioso com a origem do termo ascensão recta das coordenadas equatoriais. A declinação é mais óbvia, sendo o ângulo correspondente ao arco formado entre o equador celeste e o objecto, podendo-se fazer uma analogia com a latitude, sendo positivo acima do equador celeste, na direção do polo norte celeste (perto da estrela polar) e negativo abaixo.

A ascensão recta é baseada no movimento aparente da rotação do céu, causado pela a rotação da Terra que faz 360° em cada 24 horas, ou 15° por hora. Conjuntamente com a declinação, definem o sistema de coordenadas equatorial usado para descrever a posição dos objectos celestes.

É importante perceber o que é isto do equador celeste. É definido como o grande círculo imaginário da esfera celeste no mesmo plano do equador terrestre. Sendo o plano de referências (origem) do sistema de coordenadas equatoriais.
É como se o equador terrestre estivesse projectado no céu. Daí as coordenadas poderem serem vistas como latitude/longitude, mas com uma importante diferença - ao contrário das coordenadas terrestres a longitude move-se... As três estrelas do cinturão do guerreiro de Orion esta muito perto do equador celeste, mais precisamente a Mintanka (Delta Orionis) com uma declinação de apenas -18 minutos arco, perto de um terço de grau do equador celeste.

O ponto que intersecta o equador celeste com a eclíptica (plano da órbita da Terra no sistema solar), define o primeiro ponto de Aries (equinócio vernal ou da Primavera) - aqui a ascensão recta é definida como as 00:00 horas. Têm a mesma função do meridiano de Greenwich (longitude 0), um ponto de referência inicial no qual inicia o nosso sistema de coordenadas terrestres e também o fuso horário, sendo em Greenwich porque os ingleses se precuparam com problemas de navegação no seu vasto império...

Ora este ponto, apesar de definido por duas linhas aparentemente imutáveis, no entanto move-se (muito lentamente), naquilo que é chamado a precessão dos equinócios, que resulta de um efeito da rotação da Terra parecido com o que se observa na "cabeça" dos piões, mas que demora 25772 anos a rodar, fazendo com que as coordenadas dos mapas impressos (atualmente na época J2000.0) fiquem gradualmente "erradas", mas todos os objectos, estarão igualmente errados, e algumas estrelas com um movimento próprio muito alto, como a a estrela de Barnard ainda mais. Com computadores, basta fazer uma ajuste tendo em conta precessão para calcular as a coordenadas da época actual, por exemplo J.2024. Mas estamos a falar na prática, de diferenças muito pequenas à escala da vida humana.

O termo ascensão está relacionado com o movimento observado dos corpos celestes, eles ascendem (sobem) acima do horizonte. o termo recta é um pouco mais subtil, em especial para quem não viva perto do equador terrestre.

Se estivermos a observar o céu no equador terrestre, os polos celestes estão exatamente no horizonte (a Polar está com altitude 0), com o equador celeste a passar exatamente no zénite (acima da nossa cabeça). O que se observa são os corpos celestes a ascender na vertical, ou seja, em linha recta - constelação de Orion deve ser impressionante, passando mesmo no zénite. Os observadores no equador têm ainda o privilégio de poderem observar o céu todo, mas apenas metade de cada vez, obviamente na parte da noite.
Todos os objectos com a mesma ascensão recta "nascem" e "põem-se" à mesma hora. À medida que observador se for deslocando para norte, por exemplo para Leiria, vai repara que o equador celeste vai descendo, ou por outras palavras, fazendo um arco com o equador terrestre declinando, e na mesma razão, a estrela polar vai subindo, até chegar aos 39,75 graus norte. O equador celeste será então um grande círculo que culminará (atinge a altura máxima) a 90 graus (zénite) - latitude local, neste caso 90-39.75 = 50.25 graus acima do horizonte Sul.

The angular speed of stars in the sky is constant but the apparent angular speed is not, due to the star moving faster on the celestial equator and slower near the celestial pole. The apparent angular speed, modified with cos(𝛿), where 𝛿 is declination. The full equation: 0.25∘/𝑚𝑖𝑛 * cos(𝛿)

Pátio XXX - Estrelas Múltiplas em celulose

2023.XX.XX
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt. 130m)

De vez em quando, dedico algumas sessões de observação à observação de estrelas duplas ou múltiplas. Independentemente de serem sistemas físicos, ou mera coincidência geométrica (visuais), é fascinante observar o quão juntas estão, ou o contraste em magnitude e/ou da cor. Abaixo vou mencionar duas referências que uso para a sua observação.

Cambridge Double Star Atlas,Double Stars For Small Telescopes

The Cambridge double star atlas 2nd edition (ver 3, September 2022), Bruce MacEvoy, Wil Tirion
2015 Cambridge University Press. 169 pag., 30 cartas dupla página com argolas.

Mais um atlas que chegou ao Pátio, mas para tentar diminuir a minha culpa do prazer, este é direcionado para a observação de estrelas duplas: justificação mais que suficiente.
Neste caso, a informação é relativamente dinâmica (estrelas a orbitar outras), mas são necessários anos ou séculos, para se notar visualmente na maioria dos sistemas.

Cambridge Double Star Atlas

A magnitude limite é semelhante ao Pocket Sky Atlas, mas as cartas são maiores e numa escala ligeiramente maior, proporcionado um contexto maior, e com fontes legíveis sem ter que usar lupa! x Wil Tirion é o uranografo que nos deu o SkyAtlas 2000.0 (em conjunto com o Roger Sinnott) e o Millennium Star Atlas, sendo para mim indicador suficiente de qualidade e bom senso.

Cambridge Double Star Atlas

A página do Bruce MacEvoy é um (raro) bom exemplo de informação e utilidade na internet.

Não vai substituir o Interstellarum Deep Sky Atlas, mas sim uma alternativa ainda mais portátil para observação visual com pequenas aberturas, porque além das estrelas duplas (2503), também tem impressa uma seleção (900?) de enxames, galáxias e nebulosas.

Double Stars For Small Telescopes: More Than 2,100 Stellar Gems for Backyard Observers, Sissy Haas
2006 Sky Publishing Corporation 173 pag.

Comprei este livro faz alguns anos, mas nunca me lembrei de o usar. É uma lista dos melhores pares de estrelas, segundo a opinião da autora do catalogo WDS (Washington Double Star Catalog), sendo o principal critério, a estrela componente primária ter no mínimo magnitude 8, seguindo do aspecto estético ou interesse científico ou histórico. É uma boa ajuda para filtrar as mais de 150000 entradas do catálogo de estrelas duplas WDS.

Não tendo cartas estelares, será necessário um atlas como o SkyAtlas 2000.0 ou o Cambridge Double Star Atlas, e de um modo mais mecânico, um telescópio com apontamento "GO-TO" ou usando círculos graduados se funcionais.

O capítulo de introdução é excelente, explicando todos os aspectos de observação visual de estrelas, sejam duplas ou não, mencionando aspectos históricos, nomenclaturas, fenómenos ópticos. Qualquer observador com interesse em aprender, ficará certamente "conversante" no assunto e poderá entender o porquê de esta área de observação visual ser apelativa. Termina com exemplos fáceis de encontrar em diversas alturas do ano - a servir de "entrada".

De seguida, vêm as listas agrupadas por constelação em ordem alfabética. Dentro de cada uma, cada par ordenado por ascensão recta. Esta organização parece-me prática.

Cambridge Double Star Atlas,Double Stars For Small Telescopes

Coordenadas RA/Dec, nome, ano observação, ângulo de posição (PA), separação , magnitude 1 (primária), magnitude 2 (secundária), classificação espectral, e finalmente o estado (se é óptica ou período se for binária física) e finalmente o comentário.

O comentário é geralmente impressões da autora, ou ocasionalmente de outros observadores historicamente relevantes, mencionando a abertura, que pode ir de 60mm a 350mm, e a magnificação utilizada. As aberturas mais frequentes são de 60, 125 e 175mm. Uma lacuna importante, é de não fazer referência a catálogos estelares como o SAO ou o HD - teria sido útil para procurar rapidamente em aplicações informáticas.

Pátio XXX - Reiseatlas

2023.XX.XX
Pátio (Leiria 39ºN 08º48'W alt. 130m)

Deep Sky Reiseatlas, 5. Auflage, Michael Feiler, Philipp Noack
2023 Oculum Verlag, 80 pag. ISBN 9783949370045

Este atlas já existe desde 2005, sendo esta a 5ª edição editada em 2023. O facto de ser em alemão, fez com que me passasse despercebido. Mas, depois de o ver mencionado em alguns fóruns, conclui que o idioma não deveria ser uma barreira, pois as (poucas) palavras usadas neste atlas, são em grande parte familiares (se se souber inglês) e é uma boa oportunidade de aprender algumas palavras em alemão.

Reiseatlas

Pode ser uma alternativa ao SkyAtlas 2000.0, quando não me apetece lidar com o seu tamanho e peso. A lista de objectos é bastante adequada para binóculos e telescópios de pequena/média abertura.

A organização das 38 cartas é semelhante ao Karkoschka, estando agrupadas em 7 faixas de declinação de 30º e por ordem crescente de ascensão recta. Duas das faixas correspondem aos pólos celestes, na prática são 5, contra 3 do Karkoschka. Presumo que a época usada seja a J2000.0, visto terem usado o catálogo Tycho-2 do ano 2000 para as estrelas, que podem chegar à magnitude 7.5 nas cartas principais e magnitude 10 nas de pormenor. A projeção é estereográfica (superfície esférica num plano) para evitar distorções geométricas, e permite conseguir uma escala consistente de 2º por centímetro. As cartas foram geradas no Sky 6 da Bisque.

As cartas são muito limpas, com as linhas de constelação bem marcadas e as estrelas pareceram-me ter uma graduação bem equilibrada com o que é percepcionado visualmente, (não necessariamente a mais científica). Os símbolos dos objectos são standard, com alguma variação no tamanho e na forma, e com orientação no caso das galáxias. Estão marcadas a duas intensidades, as "nuvens" dos braços da Galáxia e algumas nebulosa escuras. As etiquetas são razoavelmente legíveis. A grande maioria dos objectos tem impresso, em cinzento claro, as três circunferências do Telrad, 0.5º, 2º e 4º. Esta última, corresponde ao campo do meu binóculo 16x70, e as dias interiores ao Rigel QuikFinder.

O tamanho A4 (21×30cm) parece-me confortável e permite um campo de visão amplo e relaxado. As cartas estão bem recortadas, com o propósito e atenção de conter constelações inteiras, o que ajuda muito a orientar as cartas. Existe espaço de sobra suficiente para adicionar outros objectos se necessário, ou até referências a outros atlas.

Reiseatlas

Cada carta tem a sua página correspondente com a informação dos objectos não-estelares, estrelas múltiplas, estrelas variáveis, estrelas de espectro interessante, e cartas de pormenor (141!) com magnitude até 10 e resolução de 1º/20mm. Todos os objectos têm uma classificação de 0 a 5 estrelas (*), para ajudar a selecionar os mais interessantes, ou indicar o eventual grau de dificuldade de observação. Também menciona a carta de detalhe se existir e a página do livro de companhia Reiseführer (este seria interessante ter uma versão em inglês).

Comum a todos os objectos não-estelares, são os dados sobre a magnitude, dimensão e distância em anos-luz. É impresso também um valor que varia de significado conforme o tipo de objecto: nas galáxias e nebulosas galácticas, é o brilho superfície (mag./'), nas nebulosas planetárias menciona a magnitude da estrela central, e nos enxames de estrelas, a estrela mais brilhante. No caso das estrelas múltiplas, menciona a magnitude dos componentes, separação, posição do ângulo e período se já foi determinado. Nas estrelas variáveis, a variação de magnitude e período se determinado. Finalmente, uma pequena descrição, que pode conter o nome mais popular.

Estas tabelas, têm quase toda a informação necessária para se ficar com uma razoável ideia do que se pode observar em cada objecto. Poderiam talvez adicionar a classificação espectral (cor/temperatura) das estrelas mencionadas. Curiosamente, os objectos não têm coordenadas RA/Dec (remete para o Reiseführer), que seriam convenientes para se usar nos círculos digitais ou analógicos - mas suspeito que a intenção é mesmo incentivar a busca manual pura e dura, ou comprar o Reiseführer...

Reiseatlas

As duas últimas páginas constituem o índex, mas apenas dos objectos não estelares (496), ordenado por ordem alfabética de nomenclatura, e não contem os nomes comuns, o que se entende, porque na sua maioria são um pouco dependentes das cultura e tradição local. Lista também o tipo de objecto (boa ideia), as cartas onde consta, que podem ser várias, a carta de detalhe se existir, e a página do já mencionado Reiseführer. Contém a obrigatória lista de Messier completa. Fácil de consultar e com muito boa legibilidade, em especial sob luz vermelha.

A encadernação é impecável - com argolas duplas e robustas, que permitem que o atlas fique sempre plano, e usa papel papel grosso brochado, repelente à água, onde se pode usar uma caneta de acetato não-permanente, razão para ser relativamente pesado (660 gr.), mas não tanto como um atlas laminado a plástico, como, por exemplo o Sky Atlas 2000.0 (1460 gr.). A superfície é ligeiramente brilhante, refelctindo um pouco mais a luz da lanterna quando comparado com papel, o que seria de esperar.

De todos os atlas que usei até à data, este é um dos que tenho mais facilidade em relacionar com o céu a olho nu, aproximando-se neste aspecto, de muito perto, do Sky Atlas 2000.0, que para mim é o que está mais perto do ideal. Isto, e legibilidade das etiquetas, são para mim o mais importante num atlas. Funciona muito bem como primeiro atlas, antes de passar para os mais profundos se houver necessidade.

O meu método usual para apontar telescópios ou binóculos é visualizar figuras, como triângulos ou rectas, formados com estrelas visíveis e o objecto, e usar um apontador tipo Telrad ou Quikfinder para colocar no vértice correspondente ao objecto. Não é muito preciso, mas tem sido eficaz na maioria dos casos. Se forem necessárias mais estrelas ou resolução, passo então para o Interstellarum ou para o Millennium , ou em último reduto, para o SkySafari Pro.

Sob a luz vermelha é (quase) irrepreensível. Parece feito para andar ao relento, e vai tê-lo de certeza, com fartura...

Reiseatlas 5th Karkoschka 4th Karkoschka 2nd/3rd Pocket Sky Atlas Sky Atlas 2000.0 2nd (deluxe) Interstellarum (field) Uranometria 2000.0 2nd
Cartas
Magnitude 7.5/10.0 8.5 6.0/9.0 7.6 8.5 9.5 9.75
Estrelas 20000+ 40000 900 30796 81312 201719 280000
Resolução/escala 1º/5.0mm
1º/20mm
1º/3.0mm
1º/10mm
1º/2.5mm
1º/10mm
1º/4.8mm
5º/24mm
1º/7.1mm (8.2)
1º/17.8mm (20.5)
1º/1.5cm 1º/1.85cm
Cartas 38
141 (10 mag.)
52 + 2 (index)
171 (11 mag.)
48 + 2 (index)
118 (9 mag.)
80 + 4 (9-12 mag.) 26
7 (10.5 mag.)
228 (2x114), 29 (pormenor) 110 + 26 (mag. 11)
Dimensão (largura x altura) 30 x 21 19 x 24 14 x 21 15.4 x 22.8 47.0 x 34.3 28 x 26 24 x 30
Peso 660 gr. 715 gr. 210 gr.
250 gr.
375 gr. 1460 gr.
1100 gr.
1070 gr. ?
Objectos céu profundo
Enxames abertos (OC) Offene Sternhaufen 135 120 78 333 342 1903 1617
Enxames globulares (GC) Kugelsternhauten 66 67 43 107 106 181 170
Nebulosas galácticas (GN) Galaktische Nebel 90 51 23 205 248 530 377
Nebulosas escuras (DN) 15 1 113 145 526 367
Nebulosas planetárias (PN) Planetarische Nebel 59 35 21 90 156 755 1144
Galáxias (Gx) Galaxien 139 205 81 706 1682 9599 25895
Quasars (Qs) 1 1 1 1 ? 122 -
Asterismos (Ast) Sternmuster 3 0 1 3 ? 536 -
Nuvens de estrelas (StC) Sternwolke 3 5 1 1 - 58 14
Grupos de galáxias (GxX) - - - - - 508 -
Enxames de galáxias (GxC) - - - - 3 117 671
Total 496 500 250 1500 2700 14835 29307
Estrelas duplas Doppelsterne 124 252 250 2950 -
Estrelas variáveis Veränderliche 38 80 81 1168 -
Estrelas Sterne 14 738 887 55 (carb) 371 (exo) -
Totais 672 1468 19324 29307
Mag escala carta (cm) cartas estrelas objectos
Observer's Sky Atlas 4th
Karkoschka
8.5 1º/10mm, 1º/3mm (3.34º/cm) 24 x 19 (-) 52 cartas + 2 (index) 40000 500
Observer's Sky Atlas 2nd/3rd
Karkoschka
1º/10mm, 4º/1 cm 21 x 14 48 cartas + 2 (index) 250
Pocket Sky Atlas
Sinnott
7.6 1º/4.8mm (5º/24mm) 22.8 x 15.4 80 + 4 (pormenor) 30796 1500
Deep Sky Reiseatlas 5th
Feiler, Noack
7.5/10 1º/5.0mm, 1º/20mm 21 × 30 38 + 141 (10 mag.) 20000+ 666
Cambridge Double Star Atlas 2nd
Tirion/MacEvoy
7.5 1º/6.0mm 30 x 23.5 2x30 + 2 (index) 25000? 900?
SkyAtlas 2000.0
Tirion/Sinnott
8.5 1º/7.1mm (deluxe 8.2mm) 47.0 x 34.3 26 + 81312 2700
Interstellarum Deep Sky Atlas
Stoyan/Schurig
9.5 1º/1.5cm 26 x 28 228 (2x114), 29 (pormenor) 201719 14835
Uranometria 2000.0 2nd edition
Tirion/Rappaport/Remaklus
9.75 1º/1.85cm 30 x 24 110 + 26 (mag. 11) 280000 30000+
Millennium Star Atlas
Sinnott/Perryman
11.0 1º/3.6cm, 16.7'/cm, 100"/mm 33 x 23.5 1548 1000000 10000+

Pátio XXX - Pocket Sky Atlas

Sky & Telescope's Pocket Sky Atlas, Sinnott
2006 Sky Publishing ISBN 9781931559317

Este popular atlas, que adquiri quando saiu em 2006, nunca foi a minha primeira escolha, o Karkoschka 2nd/3rd ganhou sempre que precisava um pequeno atlas realmente portátil e "bolsável" - mais pequeno, mais leve e dá para pôr no bolso traseiro de um jeans ou de um casaco, e foi o meu primeiro atlas...

Mas, ao contrário do Karkoschka, ao qual reconheço ser (muito) parcial, é um verdadeiro atlas de todo o céu, com muito mais objectos impressos, e com uma cartografia a cores (uranografia) excelente, perfeitamente compatível com visão noturna sob luz vermelha. A ideia do autor foi ter o Sky Atlas 2000.0 em formato mais pequeno. Em boa medida foi conseguido, mas resultou em cartas um pouco congestionada de etiquetas e objectos. Pessoalmente, tenho maior dificuldade em relacionar o céu com as cartas, do que com o Sky Atlas 2000.0, faltando-me o campo de visão que as cartas deste último atlas me proporcionam.

A organização das cartas (80), agrupadas por ascensão recta em "gomos" de 3 horas e com declinação decrescente, acho menos bem conseguida, porque as cartas adjacentes por vezes não estão perto, obrigando a folhear mais do que necessário, mas no entanto é manejável. As cartas têm uma escala 4.8mm por grau, e uma magnitude limite de 7.6, que é razoável para o tamanho da carta (22.8 x 15.4 cm), e também apontadores para as cartas adjacentes. Quando completamente aberto, as duas cartas funcionam como uma carta, com alguma sobreposição. Confesso que não aprecio muito cartas "partidas", nem neste, nem nos outros atlas (IDSA, Uranometria ou Millenium).

Falta informação sobre os objectos, o que para mim é uma importante lacuna, tornando-o pouco auto-suficiente. Tem um índex, no qual passei horas a adicionar magnitude e dimensão, para não ter que ir consultar a outro lado. Nos dias que correm, não seria grande problema, com o SkySafari no telefone, mas mesmo assim, deveria ter impressos pelo menos os dados básicos, havia espaço. Mais uma vez o Sky Atlas 2000.0, também não tem informação, e nem sequer índex, mas dá-me pena a quantidade de espaço desperdiçado na parte trás das suas cartas... mas depois não podiam vender o livro "companion"...

Para além da tradicional lista de Messier, tem também as listas completas de Caldwell e dos Herschel 400 da Astronomy League, e claro, muitos outros visíveis em telescópios de média abertura, 20-30 cm, totalizando 1500 objectos, das quais 675 galáxias com orientação e forma desenhadas. De certo modo, é um pequeno atlas para observadores avançados, que já têm uma boa ideia do que esperam observar.

A construção é perto de perfeita - encadernado com argolas duplas, ficando sempre plano, e usa papel relativamente resistente à humidade. Feito para durar.

planeta_jupiter_20240408_1853
cometa 12p P/Pons-Brooks 20240402 2003
Cometa 12P/Pons-Brooks - 20:03 UTC
Canon 6DMkII 200mm f/4 drizzle 2x 3" 40'x40'
exp: 90 seg. (10x9 seg.) 800 ISO
gnt
Efemérides do "Sixth Catalog of Orbits of Visual Binary Stars"
http://ad.usno.navy.mil/wds/orb6.html
16294-2626 GNT 1 5 Pal2005b>
ano ângulo/separação"
2008 276.7 2.654
2009 276.8 2.646
2010 276.8 2.638
2011 276.9 2.630
2012 276.9 2.622

Outros relatos do Pulo do Lobo:

Outros relatos serranos:

Siglas e Símbolos

Relativos ao Sol
L☉ (luminosidade), R☉ (raio), M☉ (massa)
Temperatura
K - graus kelvin, 0 K = -273ºC
Distância
au - unidade astronómica, distância média da Terra ao Sol = 149597870,7 km
ano-luz - 9 460 730 472 580 800 metros ≈ 9.461 trilhão de quilômetros
parsec (pc) - 3,26 anos-luz ou 206 000 unidades astronômicas (au)
velocidade da luz (c) - 299 792 458 metros/segundo
Dimensões
" segundos de arco, ' minutos de arco e º graus. 1º = 60' = 3600"