2024 (I)
Pátio 357 - As Sete Princesas, o Vagabundo e a Convidada
2024.01.06
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
O objectivo principal desta sessão foi testar a colimação do CN-212 e usar a função GO-TO da EM-200, mas acabou por durar mais de 5 horas porque o céu esteve razoavelmente limpo... Já fazia algum tempo que não observava com o CN-212 na configuração Newton. Montei o aparato na frente do pátio, de onde posso ver a estrela polar, aproveitando para anotar a inclinação da equatorial para tentar pôr a montagem o mais alinhada quando a uso na varanda virada para Sul, de onde não consigo ver a polar.
Usar o GO-TO revelou-se divertido e eficiente, especialmente útil neste céu absolutamente poluído. Esta função portou-se muito bem, acertando com uma boa precisão, e quando não era na "mouche", era lá perto. Apontei para vários objectos, passando por muitas estrelas brilhantes: O primeiro foi o planeta Júpiter que é sempre um bom alvo, que na altura estava com o satélite Ganimede quase a iniciar o seu trânsito. Passei de seguida para o planeta Urano, que estava lá perto, e por uma lista de objectos de céu profundo: galáxia Messier 33, a Galáxia NGC 891, enxame 752, a galáxia NGC 7331 (não detectada), o enxame NGC 457, galáxias Messier 31,32 e 110, a nebulosa planetária Messier 76 (não detetada), a Messier 34 e finalmente Messier 45. Escusado será salientarr que as vistas foram todas abaixo de mediocre, e alguns objectos nem sequer consegui detetar. Mas promete ser interessante quando estiver sob um céu escuro.
Para referência futura, fiz uma tabela com as ampliações das oculares que uso neste telescópio:
f/3.9 820mm 0.55"
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magX | campo | pupila | mag.
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com a Powermate 2.5x
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Panoptic 24
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34x | 2.0° | 6.5 mm | 12.5 mag.
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85x | 47.8' | 2.5 mm | 13.5 mag.
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Kasai ortoscópica 12.5
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66x | 39.3' | 3.2 mm | 13.2 mag.
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164x | 15.4' | 1.3 mm | 14.2 mag.
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Nagler 9
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91x | 54.0' | 2.3 mm | 13.6 mag.
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228x | 21.6' | 0.9 mm | 14.6 mag.
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Nagler 7
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117x | 42.0' | 1.8 mm | 13.8 mag.
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293x | 16.8' | 0.7 mm | 14.8 mag.
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Takahashi CN-212 na configuração newtoniana
Em modo visual e fotográfico
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Enxame aberto Messier 45 "Plêiades" (Melotte 22)
Estava eu precisamente no Messier 45, "Plêiades" ou "Sete Irmãs", quando decidi aproveitar para fazer alguns testes fotográficos, sendo um procedimento tão simples como tirar a ocular e colocar a câmara com o corretor de coma incluido no "kit" newtoniano que é também de 2". Este é o tipo de simplicidade que aprecio, permite fazer instantâneos sem grandes complicações.
Este jovem e popular enxame, a 444 anos-luz e com uma idade de apenas 150 milhões de anos, é conhecido desde a Antiguidade, e tem muitas estrelas brilhantes com nomes perfeitos para dar a gatos: Atlas, Electra, Maia, Merope, Taygeta, Pleione, Celaeno, e Asterope, todas elas azuis do tipo B, muito quentes e brilhantes. Faz lembrar uma pequena Ursa Maior.
Como este enxame é enorme e tem muitas estrelas, serviu como um bom alvo para verificar a correção do campo com Canon 6dII que cobre nesta configuração uma área de 2.5 x 1.7 graus com uma resolução de 1.44". Não corrige o campo todo, o que era expectável, mas é possível usar os 40-50% do centro da imagem. A colimação estava razoável, mas é preciso apertar tudo, muito bem ajustado e sem inclinação, senão resulta em coma (aberração comática) em todo o lado.
É moroso e complicado focar a f/3.82 - tive que usar uma lupa no ecrã da câmara para ajudar, e mesmo assim, não tinha muita certeza. Comparando com o f/4.52 que é a relação focal do Sky-90 com redutor, é necessária 1.4x mais tempo de exposição do que o CN-212, ou por outras palavras, seriam necessário 100 segundos de exposição no Sky-90 contra 60 segundos no CN-212 para ter a mesma quantidade (intensidade) de luz no sensor, tendo este último o dobro da resolução.
A imagem abaixo não está na resolução da aquisição, tendo sido "binada" duas vezes - na prática, quadruplicando o tempo de exposição, à custa da resolução. Esta técnica permitiu obter muita da nebulosidade presente na imagem. Também serviu para verificar que a EM-200 permite sem perdas, pelo menos 1 minuto de exposição na resolução de amostragem de 1.44", sem auto-guiamento. Dá para brincar aos astrofotografos.
Enxame aberto Messier 45 (Melotte 22)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 5.76" 77'x77' (bin4)
exp: 15 min (15x60s) ISO 1600
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Aldebaran (α Tau)
Antes de seguir para o Messier 1, passei pela gigante vermelha Aldebaran, a Alfa (α) Tauri, que é para mim o "olho" do dito Touro, em cuja a constelação passei o resto desta sessão.
Aldebaran (α Tau)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" bin4
exp: 30s (1x30s) ISO 1600
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Asteróide (4) Vesta
Enviei o telescópio para a Zeta (ζ) Tauri, (Tianguan, SAO 77336), que é uma das "pontas do corno" do Touro, que na altura passava por perto o asteróide (4) Vesta de magnitude 6.7, 99.53% iluminado, que pode em condições favoráveis chegar a 5.1. Este asteróide com um diâmetro de 501±24 km (o segundo maior depois de Ceres), dá a volta ao Sol cada 1325 dias e tem uma rotação de 5.342 horas. Neste momento está a 1.62 AU (242 milhões km) e tem um movimento aparentemente de cerca 34" por hora. Reparar na sua cor alaranjada, similar ao uma estrela de classe espectral K (B-V = 0.782 e U-B=0.492). Está exactamente no centro da imagem.
Descoberto em 29 de Março de 1807 por Olbers, H. W. em Bremen, dando o nome da Deusa virgem do Lar e Terra da mitologia romana. Ver esta página bem completa e referenciada.
Asteróide (4) Vesta 2024-01-07 00:14 UTC
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44"
exp: 30s (1x30s) ISO 1600
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Remanescente de supernova Messier 1 (NGC 1952)
O remanescente de supernova Messier 1, também conhecida por "Nebulosa do Caranguejo" já foi por diversas vezes relatado e fotografado aqui no pátio, nomeadamente em 2004 na Atalaia, e em 2008 em Fronteira, Portalegre.
A Messier 1 é fácil de encontrar, pois encontra-se perto, a cerca de meio grau da Zeta (ζ) Tauri atrás mencionada. Estive perto de 2 horas a fazer exposições desta nebulosa mas só se aproveitaram 12... As nuvens altas estragaram dúzias de exposições. Nota para mim: e também tentar não me esquecer de pôr a câmara no modo "BULB"...
Esta nebulosa foi pela primeira vez relatada por John Bevis (1695–1771), quando estava a tentar encontrar a "estrela convidada", como os chineses da dinastia Sung lhe chamaram e registaram em 4 Julho de 1054. Chegou a ser tão brilhante como o planeta Vénus, sendo visível em pleno dia durante 23 dias e 30 vezes mais durante a noite. O Charles Messier também a descobriu independentemente, quando esteve a procurar o cometa de 1758, adicionando-a em 1771 como o primeiro objecto da sua famosa lista de "não-cometas", dando posteriormente o devido crédito a Bevis.
Esta nebulosa é o que resta da explosão solar cataclísmica, por outras palavras, uma supernova, ocorrida bem perto de nós há quase mil anos, a uma distância de 2.08 (+0.78−0.45) kpc de distância segundo o Gaia EDR3 (entre 5300 e 6784 anos-luz). Tem um pulsar (PSR B0531+21) de magnitude 16 no seu centro, que está na imagem mas não resolvido, e uma nebulosa com várias massas solares de material ejectado pela a explosão, espalhadas por cerca de 10 anos-luz e correntemente em expansão (ou seja há 6000 anos atrás) a uma velocidade de 1500 km/s.
Os pulsares são estrelas de neutrões densas com 20-30 km de diâmetro, com períodos de rotação muito rápidos, criando um forte campo magnético e emissão em todo o espectro, que vai do rádio até aos raios gamma. O pulsar desta nebulosa gira a 30.2x por segundo! é um objecto tão extremo e próximo que não admira que tenha tantos artigos científicos, mais de 6000.
Remanescente de supernova Messier 1
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 6 min (12x30s) ISO 1600
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Bibliografia:
- The Messier Objects 2nd Edition, O'Meara, 2014 Cambridge University Press
Adenda "geek"
Lupa Eschenbach 10x
A Canon 6d que uso na astrofotografia, tem o LCD reclinável que permite visualizar as imagens, sem me obrigar a fazer posições contorcionistas, mas apenas aumenta 10x para verificar a focagem. Não é o suficiente para um telescópio a trabalhar a menos de f/4, e ainda menos com o astigmatismo galopante de que padeço, agravado na visão nocturna porque as pupilas aumentam, exacerbando ainda mais o problema.
Solução: uma lupa. Esta lupa é de 10x é aplanática (não deforma geometricamente), e se a colocar em cima do LCD, parece-me dar uma magnificação de 2x-3x, o suficiente para ter um pouco mais certeza na focagem. Provavelmente qualquer lupa serve, mas esta tem pinta e dá para por no bolso.
Takahashi Telescope Tracer 2000
Aproveitando novamente a máquina virtual do Windows 11 ARM, instalei o Telescope Tracer 2000 (Pegasus 21), um programa da Takahashi feito para o Windows 9x/NT2000/XP. Esta vetusta aplicação usa uma porta série para controlar a montagem EM-200. Já se está tornar um pouco ridículo o comboio de conversores e virtualizações para ligar à montagem - cabo série RS-232 -> conversor para USB -> conversor para USB-C, tudo isto para usar um programa Intel de 32 bits, virtualizado no Windows ARM de 64 bits, que por sua vez é virtualizado no macbook, e finalmente usa uma porta série COM duplamente virtualizada... e funciona sem se engasgar, mesmo com os dois computadores a entrar em pausa!
Também interessante, foi o macbook ter apenas gasto 20% da bateria em cinco horas e com temperaturas relativamente baixas (7-8 graus). Para as saídas de campo, apenas vou precisar de fornecer 12V à montagem, provavelmente usando a ficha de isqueiro traseira do carro como um gigantesco "powerbank".
Pátio 358 - Lua Cheia Poeirenta
2024.03.25
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
Lua cheia empoeirada pela as areias do Sahara, registada com a câmara telefoto de 5x óptico do iPhone. O sensor desta câmara é o Sony iMX913 com um tamanho de pixel de 1.12 mícron. Clicar na imagem para resolução total.
Lua 20240325 00:26 UTC
Iphone 12MP 5x Telefoto 120mm f/2.8 14.9"
exp: 1/33s ISO 640
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Sra. do Monte XVII - Cometa 12P/Pons-Brooks I
2024.04.01
Sra. do Monte - Cortes (39.68N 8.75W alt. 395m)
Já há alguns dias que aguardava ter uma oportunidade de ver este cometa, que neste momento, está iluminado 92%, e com a magnitude estimada em 5.1, portanto visível a olho nu em locais escuros. Na altura da imagem, estava a 1.611 AU, um pouco mais de 240 milhões km, e a mover-se 1 grau por dia em RA e -0.6 grau em declinação (está a baixar) aproximando-se gradualmente do Sol, que já brilha um palmo bem aberto abaixo, a ceca de 27.5°.
Com um período de 71.37 anos (26068.8 dias), tem uma órbita muito semelhante ao cometa Halley (75.3 anos), aproximando-se 0.78 AU do Sol (periélio), que será 21 de Abril deste ano, e 33.6 AU no afélio, distância para lá da órbita de Neptuno. Tem uma órbita estável, pois devido à sua grande inclinação de 74.2°, passa muito pouco tempo na eclíptica (plano do sistema solar), daí ser pouco perturbada pelos os planetas.
Estará no seu ponto mais próximo da Terra (afélio) em 2 de Junho, a 1.55 AU (232 milhões km), mas não será visível nestas latitudes.
Este cometa foi descoberto em 1812 por Jean-Louis Pons, e redescoberto em 1883 por Robert Brooks. Esta é a quarta vez que nos visita desde a sua descoberta, estando a próxima marcada para o final do século (2095)...
Apesar das condições atmosféricas, no binóculo 16x70, o coma (cabeleira) esteve perfeitamente notório(a), e em alguns momentos, pareceu-me supreendemente grande, pelo que arriscaria estimá-lo um pouco mais brilhante do que a magnitude 5.1. Com a nebulosidade, e por ainda estar no crepúsculo náutico, como bem mostra a imagem de grande campo ao lado, não me foi possível determinar muito mais.
A imagem abaixo foi registada 20 minutos depois, em que se nota, além da expectável cor esverdeada, alguns indícios da cauda. A estrela mais brilhante da imagem, com magnitude 2.0, é a alfa (α) Arietis (Hamal (na tradução direta do árabe "cordeiro") ou Aleixo), da constelação Aries, O Carneiro.
É uma gigante laranja (K2III) a 65 anos-luz, tem 14.7 vezes maior que o nosso Sol e 60x mais luminosa, apesar de ter apenas mais 50% de massa. É uma das poucas estrelas em que foi medido diretamente o seu tamanho, 0.00680 segundos de arco, equivalente a observar um penny (americano) (19.05mm), que é equivalente a mais ou menos uma moeda de 10 cêntimos (19.75mm), a 60 km de distância. E como é cada vez mais frequente, suspeita-se que tem pelo menos um (exo)planeta.
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Cometa 12P/Pons-Brooks - 19:57:23 UTC
Canon 6DMkII 200mm f/4 6" 160'x160'
exp: 8s (1x8s) ISO 1600
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Bibliografia e recursos:
Pátio 359 - Cometa 12P/Pons-Brooks II
2024.04.02
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
Desta vez, houve uma aberta para um registo mais detalhado. O cometa está cada vez mais baixo, existindo apenas uma pequena janela de oportunidade entre ficar o suficientemente escuro, e o começar a mergulhar na cúpula da poluição luminosa... Foi visível no binóculo 16x70, mas não a olho nu, nem sequer vislumbrei a Hamal, a alfa (α) Arietis, que tem uma magnitude de 2. Clicar aqui para ver uma imagem panorâmica.
A imagem abaixo foi processada de modo a salientar a cauda, que aparenta ter cerca de 1 grau nesta imagem.
Cometa 12P/Pons-Brooks- 20:08 UTC
Canon 6DMkII 200mm f/4 6" 80'x80'
exp: 152s (19x8s) ISO 800
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Sra. do Monte XVIII - Cometa 12P/Pons-Brooks III
2024.04.09
Sra. do Monte - Cortes (39.68N 8.75W alt. 395m)
Desta vez, a previsão de ter o horizonte oeste mais limpo, convenceu-me a usar equipamento um pouco mais "pesado" para ficar com uma recordação mais condigna deste cometa.
Mas o objectivo principal, foi tentar observar o crescente lunar muito fino, após o eclipse solar total que atravessou o México, Estados Unidos e Canadá. Este eclipse, apenas pôde ser observado parcialmente nos Açores, que deve ter sido semelhante aquele que tive oportunidade de registar em 2017, também este parcial, que foi particularmente impressionante.
Sol
Os ocasos do Sol na Sra. de Monte, a quase 400 metros de altitude, são por vezes, momentos de rara beleza. E se puder, faço questão de chegar a tempo de os ver.
Embora as cores predominantes sejam o laranja e vermelho, por vezes surgem outras cores que não se está propriamente à espera. Neste caso a cor verde (clicar na imagem), que pode surgir imediatamente antes do Sol mergulhar no horizonte, em que a atmosfera actua como um gigantesco prisma, dispersando as cores. Este fenómeno é observado frequentemente a grandes altitudes e com uma atmosfera estável, oque não foi bem o caso. Esta página da European Southern Observatory (ESO) explica o fenómeno.
Sol - 19:08 UTC
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Canon 6DMkII 2.92"
exp: 1/4000s ISO 400
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Lua
A Lua ainda estava relativamente próxima do seu perigeu, que foi em 2 de Abril, a 361,270 km, apenas distanciada 13.5° do Sol, e apresentando uma fase de 1,39% iluminada pelo o Sol, correspondente a uma idade de 24 horas e 43 minutos. O brilho da luz da Terra reflectida na parte da noite lunar foi bastante óbvio - na Lua está "Terra cheia", como já tive ocasião de explicar aqui.
Este não foi propriamente um recorde. Em 2006, na S.Pedro de Moel, registei um crescente fino com 18 horas e 15 minutos (0,77%), assim como este minguante em 2004, de 20 horas e 40 minutos (0.9%), que teve honras de publicação na revista Sky & Telescope.
Lua - 19:49 UTC
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Canon 6DMkII 2.92"
exp: 1/4s ISO 400
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Cometa 12P/Pons-Brooks
O cometa continua a sua visita ao Sistema Solar interior, parecendo-me um pouco maior e mais brilhante no binóculo 16x70. Em relação há uma semana atrás, está 3 graus mais próximo do Sol (24.32°). Está quase a chegar ao seu periélio a 21 de Abril. Clicar na imagem para resolução total.
Cometa 12P/Pons-Brooks - 20:16 UTC
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Canon 6DMkII 2.92" 80'x80'
exp: 3 min (12x15s) ISO 800
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Betelgeuse & Rigel
E antes de arrumar, fotografei duas estrelas supergigantes de magnitude 0 que tornam o céu nocturno mais colorido: A Betelgeuse (alfa (α) orionis), o ombro direito do guerreiro de Orion, e a Rigel (beta (β) orionis), o seu pé esquerdo.
A Betelgeuse é da classe espectral M1-M2Ia-Iab, com uma temperatura de 3600 ± 25 K, segundo este estudo recente está a uma distância de 168 pc ± 27,15 (~548 anos-luz), tem uma massa de 16.5-19M☉ e um raio de 764 ± 116,62R☉.
Por outro lado, a Rigel (B8Iae), com uma temperatura de 12700 K, neste estudo está a uma distância de 2600 ± 200 pc (~8480 anos-luz), com uma massa solar cerca de 17M☉, uma luminosidade de 123000L☉, e um raio de 72R☉.
Ambas são muito jovens, com uma idade estimada de 8 e 10 milhões de anos respectivamente, e estão a caminho de terminar numa supernova, mais cedo no caso da Betelgeuse (300000-500000 anos), e daqui a 2 milhões de anos para a Rigel, ocasião em que vão poder atingir um brilho de -11 ou -12 de magnitude, mais de 6000x o brilho da Sirius, a estrela mais brilhante do nosso céu. As estrelas de grande massa são raras, porque têm uma vida efémera, mas para compensar, é fulgurante e terminam da maneira mais espectacular.
Betelgeuse & Rigel
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Canon 6DMkII 160'x160'
exp: 100s (5x20s) ISO 800
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Bibliografia e recursos:
Outros cometas aqui no Pátio
Sra. do Monte XIX - Júpiter e Urano
2024.04.22
Sra. do Monte - Cortes (39.68N 8.75W alt. 395m)
Apesar do Cometa 12P/Pons-Brooks já se encontrar demasiado perto do Sol, tentei ainda pela última vez observá-lo no seu periélio que aconteceu no dia anterior, altura em que supostamente estaria mais brilhante. Não tive sorte, nem mesmo com o binóculo.
Júpiter e Urano
Mas o que realmente me trouxe à Sra. do Monte. foi uma interessante conjunção dos planetas Júpiter e Urano, que foi registada após o por do Sol, a um pouco menos de 20° deste último. A sua maior aproximação foi no dia 21 às 3:09 UTC, distando apenas meio grau (30'), com pouco mais no momento desta imagem (34').
Não consegui ver o planeta Urano no binóculo 16x70, talvez por o planeta ter uma cor esverdeada/azulada, logo mais difícil de contrastar com o céu ainda bem azul.
Júpiter brilhava com -2.0 magnitude, com um tamanho aparente de 33.14", 5.95 AU (~890 milhões km), e Urano bem mais modesto a brilhar a 5.8, com um tamanho de 3.43", a 20.54 AU (~3000 milhões km), cerca de 3.6x mais afastado.
Os satélites de Júpiter são a partir de cima, Callisto, Ganimede, Io e Europa. Reparar nas magnitudes muito semelhantes a Urano.
Júpiter e Urano - 19:08 UTC
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Canon 6DMkII 2.92"
exp: 1/2s ISO 400
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Miragens do Sol
Enquanto esperava por esta conjunção, o pôr do Sol passou por umas distorções atmosféricas bem interessantes. Ver o filme.
Sirius e Procyon
As alfas dos dois cães celestes, o maior e o menor. Sirius (alfa (α) Canis Majoris) e a Procyon (alfa Canis Minoris).
a Sirius é correntemente a estrela mais brilhante do nosso céu nocturno, com uma magnitude de -1.48, da classe espectral A0mA1Va (sub-gigante branca), com muitas de absorção indicando elementos pesados metálicos, e está situada a apenas 8.60±0.04 anos-luz. Tem um massa solar de 2xM☉ e um raio de 1.7xR☉.
A Procyon, de magnitude +0.34, é da classe F5IV-V+DQZ (sub-gigante amarela), com 1.5x M☉ e um raio de 2xR☉, está a 11.46±0.05 anos-luz.
Estas duas estrelas têm uma particularidade em comum, ambas são orbitadas por um tipo de estrela, anãs brancas, que se designam também por estrelas degeneradas. São elas:
Prevista existir por Friedrich Wilhelm Bessel em 1844, ao observar alterações do movimento próprio da Sirius, foi pela primeira observada por Alvan Clark em 31 de janeiro de 1862.
A Sirius-B tem uma magnitude de +11.18, sendo 116000x mais ténue que a Sirius-A. Tem uma massa de 1.018±0.011 M☉, um raio de 0.0084±3% e uma classificação espectral DA2, sendo a anã branca mais massiva que correntemente se conhece, com perto do dobro da média. A sua massa está condensada num volume semelhante ao da Terra. A temperatura à superfície é cerca 25200 K. A estrela original estima-se ter sido uma estrela tipo B com 5 M☉, que parece ter contribuído para a metalicidade da Sirius-A quando passou pela a fase de gigante vermelha. Orbita a Sirius-A num período de 50.1 anos numa órbita de 20 AU, vagamente semelhante à do planeta Urano.
Segundo o Stelle Doppie, neste momento é uma boa altura para a tentar observar, pois a separação entre os componentes A e a B está perto do máximo (11.3").
ANO THETA° RHO" ANO THETA° RHO"
2023 62.5 11.333 2027 55.1 11.032
2024 60.7 11.313 2028 53.1 10.861
2025 58.8 11.256 2029 51.1 10.648
2026 57.0 11.163 2030 48.9 10.392
Mais uma previsão de Friedrich Wilhelm Bessel em 1844, órbita calculada por Arthur Auwers em 1862, e observada pela a primeira vez em 1869 por John Schaeberle no refrator de 36" do Lick Observatory.
A Procyon-B tem uma magnitude de +10.80, sendo 28500x mais ténue que a Procyon-A. Tem uma massa de 0.602±0.015 M☉, e um raio de 0.01234±0.00032 R☉, com uma classificação espectral DQZ, indicadora de uma atmosfera dominada por hélio e traços de elementos pesados. A massa original da estrela que a originou era cerca de 2.59+0.22−0.18 M☉, e terminou a sua vida cerca 1.19 milhares de milhões de anos, depois de ter tido uma vida na sequência principal 680±170 milhões de ano.
Segundo o Stelle Doppie, também se encontra numa altura favorável para observação, com uma separação de pouco mais de 5".
ANO THETA° RHO" ANO THETA° RHO"
2023 338.3 4.983 2027 358.2 5.128
2024 343.4 5.036 2028 3.1 5.141
2025 348.4 5.077 2029 7.9 5.146
2026 353.4 5.107 2030 12.8 5.142
A Sirius e a Procyon e as respectivas companheiras estão na minha lista de observação. A separação das estrelas, 11" e 5" respetivamente, não são propriamente o desafio, estando até ao alcance de um binóculo de 50mm, mas sim a enorme diferença de brilho, 116000x e 28500x, que dificulta enormemente a sua deteção. Outro alvo eventualmente acessível será a 40 Eridani (Omi2 Eri) "Keid". um sistema triplo com uma anã branca de magnitude 9.53 separada uns confortáveis 82".
A Antares-B, outra binária desafiante, mas com uma anã azul, foi até à data a única que consegui observar, tanto visualmente como em fotografia numa saudosa ida em 2009 ao Pulo do Lobo, Serpa.
Sirius & Procyon
Takahashi Sky-90 f/4.5 (407mm) + Canon 6DMkII 160'x160'
exp: 100s (5x20s) ISO 800
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Sobre as anãs brancas
As estrelas de baixa massa como o nosso Sol, quando chegam a uma fase muito adiantada da sua vida, parecem perder o envelope de hidrogénio, resultando num núcleo de carbono e oxigénio envolvido por um envelope de hélio. Tipicamente a massa restante varia entre 0.5 e 0.7 M☉, dependendo da massa inicial da estrela e da abundância de metais na altura. A densidade é tal que os eletrões do núcleo se encontram num estado degenerado.
Uma analogia interessante sobre a degeneração dos eletrões é de ser semelhante à claustrofobia humana. O que acontece é que a espaço onde a nuvem de eletrões costumavam "habitar", ou seja a sua célula, é comprimida 10000 vezes. Este grande confinamento causa uma vibração incontrolada do eletrão que se vê num espaço muito mais pequeno para existir, havendo também muitos choques com eletrões adjacentes. Segundo as leis da Mecânica Quântica, este movimento (também chamado degenerado) é imparável e irreversível. Nem sequer baixando a temperatura até ao zero absoluto.
Devido à pressão causada pelos os eletrões degenerados, que não muda com a temperatura (neste caso a descer), contra-balanceia com a gravidade e faz com que estrela pare de contrair o seu volume, apenas perdendo muito lentamente o calor do seu interior para a superfície, num período que se estima poder durar milhares de milhões de anos para arrefecer completamente.
O interior destas estrelas não é suficientemente quente para iniciar reações nucleares, mas ainda o quente suficiente para fornecer energia à superfície, daí as suas altas temperaturas, bem superiores à do nosso Sol correntemente. Efetivamente, deixam de ser estrelas porque já não produzem activamente energia, mas sim um remanescente (cadáver) estelar a arrefecer muito lentamente. Curiosamente, as anãs brancas ficaram com esse nome porque as primeiras que foram encontradas foram as mais quentes, mas à medida que vão arrefecendo vão ficando mais vermelhas até chegarem à teórica anã negra.
Estrelas de massa baixa são as mais vulgares numa galáxia e representam cerca de 90% das estrelas na sequência principal, as que produzem energia com fusão de H em He no seu núcleo, que posteriormente vão passar pela fase de nebulosa planetária, ejetando elementos para o meio interestelar, acabando eventualmente numa anã branca, sendo por esta razão importantes para perceber a evolução da Galáxia e do Universo.
O livro de Kip Thorne, ver bibliografia abaixo, contém um capítulo muito interessante sobre a história da compreensão deste estágio final de estrelas que, no início do século XX, punha os astrofísicos perplexos, pela a sua temperatura e pequenez e com a elevada densidade observada. Este mistério levou o então jovem Chandrasekhar a calcular que o limite de massa máximo de uma anã branca não podia exceder as 1.4 M☉. Este também é o limite superior ao qual uma estrela pode explodir numa supernova.
Bibliografia e recursos:
Pátio 360 - O céu binocular
2024.05.01-03
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
De vez em quando, monto o binóculo Fujinon FMT-SX 16x70 num tripé e faço umas deambulações no céu do pátio virado para Sul.
Na altura, a constelação do Corvo tinha já atravessado o meridiano e decidi tentar observar a galáxia Messier 104 "Sombrero" que pertence à constelação da Virgem, mas muito próxima da fronteira com a primeira constelação.
Partindo da Spica (α Vir) e com a ajuda do Karkoschka 3 e do Interstellarum Deep Sky Atlas, que tem magnitude estelar limite de 9.5, e que de resto se revelou perfeito para comparar com as vistas de 4 graus deste binóculo. A magnitude estelar terá chegado naquele momento a pouco mais de 9, muito aquém do que o binóculo pode chegar (11), e após muita insistência, posso dar por detetada com visão indireta.
Mas no campo da vista, o que me chamou à atenção foram os dois pequenos asterismos que serviram para triangular a galáxia, que de alguma maneira adicionaram uma estética agradável à vista. A magnificação de 16x não permitiu resolver totalmente o asterismo "Stargate", formalmente conhecido por STF 1659 ou Canali 1, com a dupla de estrelas de 7.9 e 8.3 STF 1659AB a ficar bem separada (28"), mas foi bem evidente a forma triangular formada com as duas estrelas de 6.6 magnitude, que de algum modo se assemelha ao dispositivo de viagem interestelar da série de ficção científica da década 80 do século XX, “Buck Rogers in the 25th Century”, o que diz muito da idade de quem lhe deu este nome popular. Está situada a cerca de um grau da Messier 104.
O outro asterismo, a cerca de 1/3 de grau, tem o nome popular de "Jaws" STF 1664, sendo uma referência ao famoso filme do Spielberg, "Tubarão". No binóculo é necessário uma boa dose de imaginação para desenhar um tubarão deste asterismo, sendo as ditas mandíbulas do bicho(jaws) o conjunto das 4 estrelas mais brilhantes, e o corpo delineado por estrelas de 10-11 de magnitude, que nas sofríveis condições de observação na altura, tive alguma dificuldade a vislumbrar.
Também tentei o único Messier que habita nesta constelação do Corvo, o enxame globular Messier 68, que apesar da sua magnitude integrada de 7.8, não se mostrou lá muito disponível para ser observado. Num céu um pouco mais escuro, ambos seriam fáceis de observar.
Galáxia Messier 104 "Sombrero" e asterismos "Stargate" e "Jaws"
Binóculo Fujinon 16x70 4°
Guide 9.1, ps2pdf e Pixelmator Pro
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Entre a constelação do Corvo e a da Libra passa mais baixa, a extensa constelação da Hidra, a grande "Cobra de Água" celeste, que também alberga um solitário Messier, a galáxia Messier 83. Esta galáxia tem magnitude 8 e relativamente grande e concentrada, e estava no momento a transitar. Tentei discerni-la, mas sem sucesso...
Entretanto a cabeça (ou coroa) do Escorpião já se estava a elevar o suficiente, e a caminho passei pela a alfa da Libra (α2 Lib "Zubenelgenubi") A3IV de 2.7 de magnitude, uma dupla binocular interessante, tendo como companhia (física) uma estrela amarela (F4IV) de magnitude 5.2, folgadamente separada em 231.08".
São precisos 3 campos binoculares para apreciar a totalidade das três estrelas mais brilhantes da cabeça, a beta (β1 Sco "Acrab"), a delta (δ Sco "Dschubba") e a pi (π Sco "Fang"). São visíveis muitas outras estrelas branco/azuladas brilhantes, das quais destaco a nu (ν Sco "Jabbah") e a dupla Omega 1 e 2 (ω). Estas estrelas, com excepção da ω2, são todas do espectro B e sub-gigantes, pertencendo a uma coleção de estrelas jovens (~10 milhões de anos) formadas da mesma nuvem de gás e poeira, designada por associação OB Escorpião-Centauro que se situa a uma distância média de 420 anos-luz. As associações OB são enxames muito esparsos, do mesmo tipo de estrela, que sendo O ou B têm um muito curto período de vida, podendo eventualmente perder a ligação gravitacional, se entretanto não explodirem numa supernova.
O enxame globular Messier 4 faz um triângulo com a alfa (α Sco "Antares") e a sigma (σ Sco "Alniyat") e foi prontamente detetado, muito grande, apresentando alguma resolução nas estrelas na região central. Tentei ainda, mas sem grande esperança, obter um vislumbre do globular NGC 6144 lá perto, mas sem sucesso. Mais acima, o enxame globular Messier 80 embora bem mais pequeno, aparenta ser mais concentrado, e por isso relativamente fácil de distinguir. E finalmente o enxame globular Messier 19, já na constelação de Ofiúco, que foi detetado como uma pequena nebulosidade sem qualquer resolução.
Enxame globular Messier 4
Binóculo Fujinon 16x70 4°
Guide 9.1, ps2pdf e Pixelmator Pro
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Fui para o outro lado do pátio, o lado virado para Norte, para observar três jóias binoculares. Os enxames globulares Messier 13 e Messier 92 na constelação de Hércules, e a estrela dupla Albireo (β Cyg). Apontei primeiramente com o binóculo 7x50 e ambos os globulares foram prontamente identificados. Não consegui separar a Albireo.
No 16x70 estiveram perfeitos, tendo em consideração a abertura e condições de observação. A Albireo esteve muito bonita com as cores dourada e azul bem saturadas e brilhantes, a magnificação de 16x destaca bem as duas componentes numa vista do campo esteticamente aprazível.
Enxame globular Messier 13 (NGC 6205)
Binóculo Fujinon 16x70 4° mag. 10.5
Guide 9.1, ps2pdf e Pixelmator Pro
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Já muito próximo do zénite (-80°), o enxame globular Messier 13 pode-se considerar o globular perfeito para vistas binoculares de baixa magnificação. A 16x, aparenta ser mais pequeno que o Messier 4 mas sendo mais concentrado e compacto. Apresentou alguma granulação, sem no entanto resolver nenhuma estrela, sendo as mais brilhantes de magnitude 12 que é um pouco acima da 11.5 que teoricamente uma abertura de 70mm sem obstrução pode atingir num céu de magnitude 6 (era menor que 3.5).
É sempre um prazer deambular com este binóculo na constelação da Lira, e mais uma vez tentei detectar a Messier 57 mas sem sucesso.
Nebulosa planetária Messier 57 (NGC 6720)
Binóculo Fujinon 16x70 4° mag 10.5
Guide 9.1, ps2pdf e Pixelmator Pro
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Bibliografia e recursos:
Sobre binóculos
Os binóculos podem proporcionar grandes momentos de observação astronómica. Apesar de ser recomendado por muitos como primeiro instrumento de observação, que de certo modo concordo, acho porém, que são muito mais gratificantes para os mais conhecedores do céu - as vistas de grande campo proporcionam contexto que por vezes falta com um telescópio, sendo uma experiência bem enriquecedora e desafiante.
Têm uma portabilidade imbatível, e é um instrumento compacto e completo, isto é, sem peças amovíveis, exceptuando talvez tampas, e com utilização fácil e intuitiva - basicamente só é necessário apontar. Adicionalmente e acima de 8x de magnificação, uso um tripé que possa colocar o binóculo a uma boa altura, acima dos olhos, (Manfrotto 055Pro) com uma cabeça do tipo rótula adequada ao peso do binóculo (Gitzo G1376M). Esta solução pesa perto de 5 quilos, incluíndo o binóculo 16x70, e permite observar (quase) até ao zénite.
Depois de décadas a usar binóculos na astronomia cheguei às seguintes conclusões:
- Acima de 8x é necessário um apoio, seja um tripé, montagem, ou por estabilização eletrónica. As estrelas são muito menos tolerantes aos pequenos tremores, e só piora com a idade...
- A distância da pupila (distância dos olhos à ocular) tem que ser generosa - entre os 18-23mm. Indispensável no caso de se ter que usar óculos (astigmatismo).
- Comprar o melhor possível, nem que se espere anos, ou, uma proposta irrecusável - no meu caso foram os dois Fujinon: 7x50 e o 16x70 - e 20 anos depois estão como novos. Ver abaixo porquê.
- Ter um estojo adequado e tampas tanto para as lentes como para as oculares.
- Um binóculo é como um par de sapatos, Independentemente do preço, se não serve para o pretendido, não há marca nem prestigio que o safe. Tem que ser confortável e agradável de usar. Por vezes não se consegue encontrar à primeira.
Fujinon FMT-SX 7x50
Apesar do seu peso um pouco excessivo, consigo usar o 7x50 sem apoio se estiver sentado ou inclinado, e de certa forma o peso até ajuda a mitigar os tremores, que conjuntamente com a magnificação 7x, torna possível longos períodos de estabilidade. A vista geral é muito brilhante graças à enorme pupila de 7mm,impecavelmente pontual e com as cores das estrelas bem brilhantes e cores saturadas, apesar de começarem a degradar-se no último terço do campo, mas já dentro da minha visão periférica, daí ser para mim pouco relevante. O campo aparente não é propriamente grande, não dando a sensação de imersão total, mas de modo nenhum "afunilada". Para compensar, a distância da pupila é excelente para quem tem que usar óculos e é muito fácil posicionar. O binóculo pode ficar desagradavelmente frio no inverno, e tenho por vezes de usar luvas em sessões longas. Este binóculo, uma cadeira reclinável, um céu escuro e um Karkoschka = momentos inesquecíveis.
Fujinon FMT-SX 16x70
É também possível usar o 16x70 sem apoio se estiver sentado ou inclinado, mas fisicamente desconfortável, mesmo por períodos de alguns segundos. A vista geral é impecavelmente pontual até 80% do campo, mas mais escura quando comparada com 7x50. A sua generosa abertura, e especialmente a sua magnificação, já permitem vistas mais descriminadas de muitos objectos astronómicos, incluíndo a maioria do catálogo de Messier, muitos NGC, e também de muitos bonitos pares de estrelas. Graças à focagem independente de cada ocular, é possível fazer mais facilmente estimativas da magnitude de cometas relativamente brilhantes. Consigo usar com óculos (lentes finas e sem armação), mas com as borrachas das oculares dobradas, e apesar de um pouco apertado, consigo ver quase a totalidade do campo. Este binóculo é o equivalente a ter um telescópio de 70mm de abertura, com 280 mm de focal (f/4), com uma ocular de 17.5mm, em cada olho...
Swarovski CL Curio 7x21
O pequeno Swarovski é o meu binóculo EDC ("Every Day Carry"), ou seja, anda sempre por perto. A sua pequena abertura não permite ver muito mais que estrelas, mas adiciona perto de 3 magnitudes estelares e 7x a resolução ao olho nu. O campo é ligeiramente maior que o Fujinon 7x50, mas obviamente menos brilhante, cerca de 5.6x, e consequentemente com menos estrelas visíveis, mas opticamente perto da perfeição (contraste excelente e estrelas pontuais até à extremidade). O que perde em brilho, ganha em peso, sendo cerca de 5.5x mais leve que o 7x50, podendo-se facilmente esquecer que se tem ao pescoço e é incomparavelmente menos cansativo de usar. Serve de binóculo "buscador" e também de "caça-nuvens" e claro, dá para levar para à ópera...
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Fujinon FMT-SX 7x50
(2003)
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Fujinon FMT-SX 16x70
(2007)
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Swarovski CL Curio 7x21
(2024)
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Ópticas
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Prisma Porro
Tratamento multi-camada
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Prisma Porro
Tratamento multi-camada
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Prisma Schmidt-Pechan
Tratamento multi-camada
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Peso (gr) (sem tampas)
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1380
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1920
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250
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Dimensões (mm)
(comp. x larg. x alt.)
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187 x 218 x 78.5
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270 x 238 x 88.5
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92 x 62 x 44
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Campo real (°)
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7.5° 131/1000 m
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4.0° 70/1000 m
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7.7° 135/1000 m
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Campo aparente (°)
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49.1
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58.4
|
51
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Magnitude (céu de 6)
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~10
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~11.5
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~9
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Resolução (")
Óptica / visual (300/mag x)
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2.3" / ~43"
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2" / ~18"
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5.5" / ~43"
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Pupila de saída (mm)
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7.1
|
4.4
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3.0
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Distância da pupila (mm)
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23
|
15.5
|
16
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Distância entre oculares (mm)
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56-74
|
56-74
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50-74
|
Ajuste dioptrias (mm) individual
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±5
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±5
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±4
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Foco mínimo (m)
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9.8
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51.2
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2.5
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Temperatura operação
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-20° e +50°
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-20° e +50°
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-25° e +55°
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Estanquidade
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2m/5min
selados a nitrogénio
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2m/5min
selados a nitrogénio
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4m/5min
selados a nitrogénio
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Acessórios incluídos
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Correia de pescoço, tampas de objectivas e oculares, estojo rígido.
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Correia de pescoço, tampa de oculares, estojo.
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Binóculos Fujinon FMT-SX 16x70 e 7x50
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Há já alguns anos, escrevi um artigo sobre binóculos, que serviu como ensaio e provavelmente preciso de rever. Neste momento parece ser possível (segundos alguns fóruns da internet), encontrar binóculos com performance aceitável relativamente acessíveis. Não me importava de possuir "alfas" da Zeiss, Swarovski, Leica, Nikon, etc., felizmente pude parar nos Fujinon, e mesmo estes não se podem considerar propriamente baratos.
Bibliografia e recursos:
Pátio 361 - Cometa Tsuchinshan-ATLAS (C/2023 A3) e Quasar 3C 273
2024.05.10
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
O dia parecia estar a acabar com o céu relativamente limpo de nuvens, e decidi montar o CN-212 no pátio norte, para tentar acabar a colimação da configuração newtoniana a f/3.9. Após fazer o alinhamento polar e a sincronização com o SkySafari Pro do Iphone, mandei apontar para a gigante laranja Arcturo (α Boo), na qual fiz mais alguns ajustes. Pareceu-me ter ficado razoavelmente colimado.
A colimação inicial, que foi a minha primeira neste telescópio, foi feita dentro de casa usando uma estrela artificial, a Flextar de 9 microns da Pierro Astro. Demorei o meu tempo a praticar e especialmente a arranjar as ferramentas mais adequadas para poder fazer esta operação mais eficazmente em qualquer lado e no escuro.
Após fazer uns testes fazendo algumas exposições no enxame globular Messier 3 que se encontrava lá perto, troquei a câmara por uma Nagler 9 (91x), que me mostrou uma vista exemplar de um enxame globular, resolvendo bastantes estrelas, e até algumas no núcleo, apesar de suspeitar que o nevoeiro já parecia estar a começar a formar, e devido a isso a perda de algum contraste.
É a partir desta abertura (212 mm) que os enxames globulares começam a diferenciar visualmente as suas características mais particulares, como alguns padrões, as estrelas mais brilhantes e a concentração do núcleo. A imagem abaixo é uma exposição única com apenas 30 segundos (não guiada).
Enxame globular Messier 3 (NGC 5272)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 20'x20'
exp: 30s (1x30s) ISO 3200
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Não podia perder mais tempo, e pus-me a caminho do próximo alvo. Mandei fazer dois saltos para a Spica (α Vir) e Porrima (γ Vir), tendo nesta última, a montagem ter corretamente, decidido mudar o meridiano, o que significa dar uma volta de quase 360 graus para colocar o tubo no outro lado da montagem, e que para minha satisfação, fiquei com a Porrima posicionada no meio do campo da ocular... a montagem pode não ser muito esperta, mas é bem mandada...
Cometa Tsuchinshan-ATLAS (C/2023 A3)
Este cometa, descoberto em Janeiro de 2023, parece ser um sério candidato a ser visível a olho nu quando passar o seu periélio em 27 de setembro deste ano, estando por essa altura a 0.39 AU (58 milhões km) do Sol. A maior aproximação à Terra, e provavelmente o seu pico de brilho, é a 12 de Outubro 0.472 AU (70.6 milhões km), mas já a 0.556 AU (83.2 milhões km) do Sol. Infelizmente não vai ser possível observá-lo, talvez se for mesmo muito brilhante após o pôr do Sol.
Neste momento tem a magnitude estimada de 10.4 e está a uma distância de 1.76 AU (263 milhões km), estando a cruzar a constelação da Virgem. Mandei o telescópio para lá, e tentei observá-lo visualmente, mas sem grande sucesso. Tirei a ocular e pus a câmara.
Cometa Tsuchinshan-ATLAS C/2023 A3 - 20240510 22:34 UTC
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 20'x20'
exp: 3 min (6x30s) ISO 1600
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Quasar 3C 273
Por esta altura já se começava a formar nevoeiro e ainda queria pelo menos registar um famoso objecto que se encontrava lá perto.
O quasar 3C 273, é o núcleo da galáxia elíptica PGC 41121, encontrando-se a mais de 2000 milhões de anos-luz, isto é, para a luz que chegou agora, pois com a expansão do Universo já se deve ter afastado um pouco mais, ou nós do quasar, depende do ponto de vista.
Nos anos 60, andavam à procura da correspondência óptica de fontes emissoras detectadas pelos os radiotelescópios (que tinham pouca resolução posicional), que resultou no "Third Cambridge Catalog of Radio Sources (3C)". Em 1962, Maarten Schmidt descobriu que uma dessas contrapartidas ópticas (o 3C 273, que foi posicionado com precisão numa ocultação lunar), tinha o espectro significativamente desviado para o vermelho, mais especificamente, o familiar padrão das linhas espectrais do átomo de hidrogénio, colocando o objecto a uma distância de milhares de milhões de anos-luz. Foi o primeiro de mais de um milhão entretanto descobertos.
O segundo a ser identificado como um quasar foi o 3C 48 na constelação do Triângulo, mas foi no entanto o primeiro (1982) onde se conseguiu identificar a galáxia hospedeira. Este tem a magnitude 16.2, equivalente às estrelas mais ténues na imagem abaixo, e a luz que recebemos hoje se encontrava a 3900 milhões de anos-luz. Antes da descoberta de Schmidt, os quasares (QSO) "quasi-stellar object" eram frequentemente confundidos com estrelas variáveis, especialmente os blazars, que foram classificados como "variáveis" do tipo BL Lacertae, porque são quasares com o jatos apontados diretamente para nós, e que realmente mostram variação de brilho (por vezes algumas magnitudes) no óptico em relativamente pouco tempo. Os quasares são correntemente uma subclasse das "Active Galactic Nuclei" (AGN).
Os quasares são núcleos extremamente luminosos, cerca de 100x mais brilhantes que das galáxias "normais" (espirais), e provavelmente o fenómeno mais luminoso do Universo, sendo uma (única?) explicação plausível, essa luminosidade ter origem em buracos negros supermassivos com centenas de milhares de milhões de massas solares que estão rodeados por um disco de acreção gasoso. O gás (e estrelas) à medida que vão caindo no buraco negro, aquecem, e libertam uma quantidade assombrosa de radiação electromagnética em todo o espectro, do rádio ao raios-X e até raios gama. sendo de tal magnitude que é possível observar a distâncias cosmológicas, e até mesmo com um pequeno telescópio é possível observar a parte da radiação visível, como descrevo num relato da sua observação em 2005, no Pulo do Lobo, Serpa.
A estrela lá perto tem magnitude 13.5, ligeiramente mais ténue que a magnitude 12.7-8 do quasar, que realmente tem uma aparência estelar e azul, fazendo jus ao nome dado "quasi-stellar radio source", sendo o 3C 273 o mais "brilhante" na radiação visível e também emite fortemente no Raios-X, e o mais "gritante" no rádio. Como são fontes muito distantes e muito fortes no espectro do rádio, são por isso utilizados para definir o novo sistema de coordenadas celestes usando interferometria rádio de longa linha de base, o International Celestial Reference System (ICRS). O recorde atual do mais distante pertence ao UHZ1, a cerca de 13.2 mil milhões de anos-luz, e quando luz partiu, o Universo tinha apenas 470 milhões de idade. Ler também o interessante e fundamentado artigo da wikipedia e aqui pode-se ver a obtenção do espectro do 3C 273.
Quasar 3C 273
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 20'x20'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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Bibliografia e recursos:
Pátio 362 - Vega e companhia
2024.05.18
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
Uma noite instável com muitas nuvens a passar e com possibilidade de chuva, mas queria continuar a melhorar a colimação do CN-212. Fazer imagem a menos de f/4 é complicado, a tolerância é muito apertada, não só na colimação do telescópio, como qualquer desvio mínimo da câmara e finalmente a focagem. Se não estiver tudo muito bem ajustado, é o suficiente para ficar com as estrelas todas "tortas". Mas quando corre bem é impressionante o que se consegue registar com apenas alguns modestos minutos de exposição. No entanto, não deixo de ficar perplexo de ainda ser possível observar qualquer coisa neste céu com magnitude 3 no máximo nas melhores regiões, estando ainda completamente rodeado de candeeiros LED. Embora entenda que para a maioria das pessoas dê a sensação de segurança, não deixa de ser um desperdício de energia.
Vega (α Lyrae)
A Vega (α Lyrae) é uma estrela importante. Não só por ser a 5ª estrela mais brilhante do nosso céu, e uma de magnitude 0, mas por ser a definição e calibração da cor branca (A0) marcando o valor central na classificação da temperatura/espectro das estrelas, isto apesar de aparentar ser ainda um pouco azulada (o conceito de cor para os astrónomos é um pouco diferente da aparência visual). Por causa da precessão dos equinócios, daqui a 12000 anos vai ser a estrela brilhante mais próxima do polo celeste (5 graus), substituindo a atual Polaris. Por esta altura já deve ter ficado óbvio que acho fascinante as estrelas e esta é uma das favoritas.
Abaixo está mais uma imagem da primeira estrela a ser fotografada com um daguerreótipo, que não o Sol, há 175 anos em 1850 por James Whipple e William Bond, e também foi a primeira em que foi registado o espectro por Henry Draper em 1872. O efeito de difração causado pela aranha de 4 hastes do espelho secundário adiciona muito à estética da imagem.
Vega (α Lyrae)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 48'x48'
exp: 2 min (4x30s) ISO 800
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Nebulosa planetária Messier 57 (NGC 6720)
Depois de ter achado razoável a colimação, fiz um pequeno périplo na constelação da Lira, do Cisne e da Raposa, que por esta altura já se encontravam altas no horizonte. Usando o GO-TO fui tentando despistar as nuvens que por vezes surgiam em pouco minutos. Fiz exposições relativamente curtas de 30 segundos em conjuntos de 10. Recortei as imagens de modo a proporcionarem algum contexto. Clicar nas imagens para ver na resolução original.
E já agora, e porque não existe semelhante coisa como visitar demasiadas vezes a nebulosa planetária Messier 57. Não resisti.
Nebulosa planetária Messier 57 (NGC 6720)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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O Enxame globular Messier 56 (X), apesar de se encontrar icónica constelação da Lira, não é muito popular por ser um pouco difícil de observar com pequenas aberturas. O que não admira, com estrelas membro a começarem a brilhar a partir de magnitude 13, necessitando de pelo menos 20 cm para começar a resolver algumas delas. Não sendo propriamente um alvo espectacular, sofre da enorme concorrência dos vizinhos Messier 13 e Messier 92.
A metalicidade (percentagem de elementos mais pesados) é muito baixa, de onde se pode inferir que as estrelas nasceram muito perto do início do Universo, estimando-se que há 13.7 mil milhões de anos, e à semelhança de outros globulares, julga-se que terá tido origem numa galáxia anã capturada pela a Via Láctea. Está a 10.96±0.50 kpc (-35750 anos-luz).
Enxame globular Messier 56 (NGC 6779)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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O Enxame aberto Messier 29 (III3p) está situado perto da Gamma Cygni (γ Cygni "Sadr"), a ~5240 anos-luz (Gaia) e segundo este estudo terá uma idade de 5±1 milhões de anos. Este enxame está "atrás" das nuvens de poeira do "Grande Rifte de Cisne" a 700–900 pc (2280-2935 anos-luz), sendo portanto muito afectado por a extinção e consequente "reddening", em que as estrelas brancas e azuis aparentam ser mais vermelhas, que de resto nota-se bem na imagem, em que a grande maioria das estrelas gigantes O e B que são membro do enxame não são propriamente brancas nem azuladas. Este é o enxame mais luminoso da associação Cyg OB1 de Cisne.
Com um tamanho visual aparente de 7 minutos de arco e várias estrelas a partir de magnitude 9, destaca-se como uma pequena concentração estelar na "Grande Nuvem de Estrelas de Cisne". É um bom alvo para o binóculo 16x70 ou telescópio de pequena abertura e baixa magnificação.
Enxame aberto Messier 29 (NGC 6913)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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Segundo este estudo, o Collinder 399 é um asterismo, uma figura de estrelas não fisicamente relacionadas (têm distâncias muito diferentes), que se encontra na constelação da Raposa (Vulpecula). Devido ao seu tamanho de cerca de 1 grau e estrelas de magnitude entre 5 e 7, é conhecido desde Antiguidade e torna-o num bom alvo para binóculos. Na sua ponta esquerda está um pequeno enxame aberto NGC 6802 (III1m), que segundo uma estimativa usando o Gaia3 está situado a 2750 pc (~9000 anos-luz), muito mais afastado que as estrelas que constituem o asterismo, com estas a distâncias a variar entre 235 e 1735 anos-luz. Curiosamente este enxame é também identificado como Collinder 400, um catálogo publicado em 1931.
A imagem abaixo usa quase a totalidade da área das imagens originais (152'x101'), mas foi "binada" para salientar as estrelas que dão forma de "cabide", que neste caso está de "pernas para o ar".
Collinder 399 e enxame aberto NGC 6802
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 140'x100'
exp: 4 min (8x30s) ISO 800
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Esta região tem mais alguns objectos interessantes que podem ser observados com binóculo tais como o enxame globular Messier 71 na constelação da Seta (Sagitta, Sge), com todas as suas estrelas mais brilhantes a caberem no campo do binóculo. Também a nebulosa planetária Messier 27 se encontra relativamente perto, e é um desafio para o 7x21. A theta (θ) Sge (STF 2637 AC) é uma interessante dupla binocular não-física de estrelas de magnitude semelhante (6.56 e 7.52) separadas em 92". A primária (A) por sua vez, é uma binária física (STF 2637 AB) separada apenas por 11.55" que irei tentar resolver com o binóculo 16x70.
Collinder 399 e arredores
Binóculo Fujinon 7x50 7.5° mag. 9.5
Guide 9.1, ps2pdf e Pixelmator Pro
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Bibliografia e recursos:
Pátio 363 - Hércules ao luar
2024.05.22
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
Foi uma noite de Lua cheia (99.5%) e alguma neblina alta. O luar afeta todo o céu e equivale a estar a observar no meio de uma cidade, sendo o seu efeito mais intenso quanto mais perto da Lua, mas como estava um céu sem nuvens... A constelação de Hércules já se encontrava relativamente alta e pus-me a registar os seus objectos mais brilhantes do tipo enxame globular e pequenas nebulosas planetárias, que tendo o seu brilho algo concentrado, não seriam muito afectados pelo o luar.
Enxame globular Messier 13 (NGC 6205)
O enxame globular Messier 13 (V), é o globular com qual todos os outros se comparam visualmente em tamanho e resolução. Uma estimativa corrente usando o Gaia EDR3 coloca-o a 25680 anos-luz (paralaxe 0.127 mas) e uma idade de 12.00 ± 0.38 milhões de anos.
Enxame globular Messier 13 (NGC 6205)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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Por curiosidade andei à procura de imagens que fiz deste enxame ao longo de mais de 20 anos
O enxame globular Messier 92 (IV) é um dos mais antigos globulares da nossa Galáxia, com uma idade estimada de 13.80 ± 0.75 milhões de anos, um valor que é importante por servir de limite mínimo da idade do Universo. Uma estimativa corrente usando o Gaia EDR3 coloca-o a 29120 anos-luz (paralaxe 0.112 mas).
Tal como o Messier 13 é prontamente detetável no binóculo 7x50, que apesar de mais pequeno é um pouco mais concentrado.
Enxame globular Messier 92 (NGC 6341)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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A Nebulosa planetária NGC 6210, pouco se distingue de uma estrela, excepto talvez aparentar ser algo "gorda". Só aberturas muito grandes mostram sem dúvida que não é uma estrela devido à sua cor pouco usual azul esverdeada. Está situada a 6700 anos-luz (paralaxe 0.4862 mas).
Nebulosa planetária NGC 6210
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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A nebulosa planetária IC 4593, ainda com maior aparência estelar que a planetária anterior, foi incluída para completar a lista. Está situada a 8680 anos-luz (paralaxe 0.3757 mas).
Nebulosa planetária IC 4593
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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Mandei o telescópio para esta gigante azul (na realidade uma binária espectroscópica) para mudar de meridiano e focar.
Spica (α Vir)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 48'x48'
exp: 2 min (4x30s) ISO 800
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A nebulosa planetária Messier 97 também conhecida pela a "Nebulosa da Coruja", em que dois buracos assemelham-se a olhos de uma coruja. Esses buracos correspondem a cavidades bipolares internas desta nebulosa contituída por 3 "conchas" concêntricas. A sua estrela central de magnitude perto de 16 tem uma luminosidade de 140±100xL⊙ e uma temperatura efectiva de 123000 K!. A estrela está a caminho de se tornar uma anã branca. Esta nebulosa está situada a 2640 anos-luz (paralaxe 1.2347 mas), na constelação da Ursa Maior perto (2°) da Merak (β Ursae Majoris).
Este é um objecto de muito baixo contraste que o luar baixou ainda mais, mas estava curioso de saber o que saia. Visualmente requere um céu bem escuro, e para "ver" os "olhos" necessita de uma abertura superior a 20cm. Está na lista a registar noutra altura mais propícia.
Nebulosa planetária Messier 97 (NGC 3587)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 15 min (30x30s) ISO 800
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Bibliografia e recursos:
Pátio 364 - Antares e a Lua
2024.05.24
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
Estiveram muito próximas (às 03:10 UTC apenas 0°22'), e em latitudes mais baixas a Lua chegou a ocultar a Antares (α Sco).
Lua e Antares 20240523 23:16 UTC
Iphone 12MP 5x Telefoto 120mm f/2.8 14.9"
exp: 1/17s ISO 6400
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Pátio 365 - "La Superba"
2024.05.26
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
Aproveitando uma grande aberta e antes que Lua nascesse e após mais ajustes na colimação, fui fazer uma segunda sessão na nebulosa planetária Messier 97 e como estava a correr bem, fui visitar mais alguns objectos que beneficiariam de um céu um pouco mais escuro. Valeu a pena. Clicar nas imagens para resolução total.
Y CVn "La Superba"
Mas antes, fiz uma imagem com maior exposição e contexto desta extraordinária estrela de carbono Y Canum Venaticorum "La Superba". Esta é das estrelas mais vermelhas que se pode observar com um binóculo e como facilmente se pode reparar, o conceito de "vermelho" para a classificação da cor das estrelas na astronomia é um pouco diferente do comum. Ver também aqui para saber mais.
Y CVn "La Superba"
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 48'x48'
exp: 2 min (4x30s) ISO 800
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Fiz uma carta com o campo de 7.5° para o binóculo 7x50 para me ajudar a memorizar o campo da "Superba". A constelação Cães de Caça na sua simplicidade é uma boa paisagem binocular. A Cor Caroli é uma dupla (magnitudes 2.9 e 5.5) com uma separação de 20" - um bom desafio para binóculo (num suporte). Também tem lá "troféus"" binoculares adicionais, nas quatro galáxias de Messier, a 51, 63, 94 e a 106.
Y CVn "La Superba"
Binóculo Fujinon 7x50 7.5° mag. 9.5
Guide 9.1, ps2pdf e Pixelmator Pro
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Nebulosa planetária Messier 97 (NGC 3587)
A diferença que faz um céu sem luar, basta comparar com a imagem anterior. Perto da nebulosa está uma estrela às 13 horas que me parecia "borratada", mas não, é apenas uma pequena galáxia de magnitude 17 MCG+09-19-014!.
Nebulosa planetária Messier 97 (NGC 3587)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 30 min (60x30s) ISO 800
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Galáxia Messier 109 (NGC 3992)
Também na constelação da Ursa Maior, perto (1.5°) da Gamma (γ) Ursae Majoris "Phecda" está a galáxia Messier 109 (SBbc), uma espiral barrada (SB bc) de baixo brilho de superfície (13.6). Está a 20.596 ± 1.392 Mpc (~67 milhões anos-luz).
Galáxia Messier 109 (NGC 3992)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 30 min (60x30s) ISO 800
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Galáxia Messier 51 (NGC 5194) & NGC 5195
Registei este par há quase um ano atrás onde se pode ler sobre este impressionante cena de galáxias em interação. A imagem abaixo ficou notoriamente mais detalhada, e também registo a pequena galáxia irregular IC 4278.
Galáxia Messier 51 (NGC 5194) & NGC 5195
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 30 min (60x30s) ISO 800
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Pátio 366 - Mizar e Alcor
2024.05.28
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
Continuando na constelação da Ursa Maior que por esta altura está a culminar a horas decentes. Fui desta vez visitar três das suas mais brilhantes galáxias, mas antes passei por um par visual de estrelas.
Mizar e Alcor
Este é talvez o sistema binário visual mais célebre do céu do hemisfério norte em que os dois componentes, separadas em 715" (12'), têm um nome comum atribuído. Observei este par no no ano passado, onde se ler alguns factos e curiosidades. A imagem abaixo tem muito mais exposição e as duas estrelas componentes da Mizar (a 81.1 anos-luz) que estão separadas apenas por 13.7" ficaram numa só com a estrela mais ténue ofuscada pela a mais brilhante, que de resto. é o que acontece se observarmos com um binóculo de baixa magnificação. A Alcor está a 81.7 anos-luz e ambas fazem parte do enxame "em movimento comum", ou Associação da Ursa Maior, constiuído por 14 estrelas, muitas das quais são visíveis a olho nu e formam a figura da constelação. É uma das vistas binoculares a não perder.
Reparar na diferença subtil da cor entre duas estrelas da mesma classe espectral A. A Mizar é uma A2, mais quente que a Alcor classificada como A5, tendo uma cor visual mais branco amarelada. Os números vão de 0-9, com o 0 a significar que é a mais quente dentro de cada classe.
Mizar (ζ UMa) e Alcor (80 UMa)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 48'x48'
exp: 2 min (4x30s) ISO 800
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Galáxia Messier 81 (NGC 3031)
A galáxia "grand design" Messier 81 (Sb) é a "alfa" de um grupo de mais de 30 galáxias que está a uma distância média de 11.75 milhões de anos-luz (3.6 Mpc), tornando-o um dos grupos mais próximo do nosso. Este grupo pertence ao Volume Local, onde está incluído o "nosso" Grupo Local, o Grupo do Escultor (o mais próximo) e o Grupo do Centauro, tendo sido já observadas mais de 500 galáxias. Neste momento, Volume Local é definido por uma esfera de raio de 10-11 Mpc (32.6 milhões de anos-luz), que é a distância que o telescópio Hubble consegue distinguir as diferentes populações de estrelas numa galáxia. À medida que se constroem novos telescópios com maior resolução este volume vai aumentando de raio.
O nome comum é "Galáxia de Bode", em honra a Johann Elert Bode que a descobriu em 1774. Este astrónomo é conhecido pela reformulação da "Lei de Titus-Bode", que usa uma fórmula empírica para calcular o espaçamento das órbitas dos planetas no nosso Sistema Solar, tendo antecipado a descoberta de Urano e do asteróide Ceres, mas que no entanto falhou no caso de Neptuno.
Ver aqui uma imagem de grande campo do Grupo da Messier 81 que registei em Pousados, Alcanede em 2007.
Galáxia Messier 81 (NGC 3031)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 30 min (60x30s) ISO 800
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Galáxia Messier 82 (NGC 3034)
A galáxia Messier 82 (Sd) pertence ao Grupo da Messier 81 e está a 12.5 milhões de anos-luz (3.835 ± 0.159 Mpc). Esta galáxia irregular e peculiar está praticamente de "lado" sendo o protótipo de uma galáxia "amorfa",ou seja sem forma regular. Consegue-se observar muitas e proeminentes faixas de poeira onde existe uma grande actividade de formação de estrelas "Starburst". Tem um nome comum que nos dias que correm deve ser politicamente incorrecto, de "Galáxia do Charuto".
Galáxia Messier 82 (NGC 3034)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 30 min (60x30s) ISO 800
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Galáxia Messier 108 (NGC 3556)
A galáxia Messier 108 (Sc) não pertence a nenhum grupo de galáxias em particular, sendo membra isolado do Super Enxame Local. À semelhança da Messier 82, está praticamente de perfil e tem muito actividade estelar ("Starburst"), e onde ocorreram inclusive algumas supernova recentes. O seu núcleo parece alojar um buraco negro super massivo e estima-se que esteja a 28.7 milhões de anos-luz (8.8 Mpc).
Esta galáxia não ganharia nenhum concurso de beleza, mas muito vezes faz "par" com a nebulosa planetária Messier 97 que está perto, a menos de 1 grau.
Galáxia Messier 108 (NGC 3556)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 30 min (60x30s) ISO 800
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Pátio 367 - Arcturus e companhia
2024.06.01-02
Pátio (Leiria 39°N 08°48'W alt. 130m)
Noite completamente atípica - sem nuvens, sem vento, sem humidade, sem frio (20° às 4 da manhã) e a Lua nasceria bem tarde. Comecei a sessão ainda antes do crepúsculo astronómico na constelação do Boieiro ("Pastor de Bois") onde está a imponente Arcturus e alguns pares de estrelas binoculares interessantes de visitar.
Arcturus
A Arcturus é uma gigante vermelha (K1.5III) a apenas 36.7 anos-luz (11.25 pc) de nós. A sua proximidade torna-a a terceira estrela mais brilhante do no nosso céu, apenas atrás da Sirius e da Canopus. Com 7.1 mil milhões de anos de idade, esta estrela já consumiu todo o hidrogénio do seu núcleo e está na sua fase de gigante vermelha tendo aumentado para 25x o tamanho e a luminosidade cerca 170x a do nosso Sol, apesar de ter praticamente a mesma massa. É um vislumbre do futuro do nosso Sol daqui a 2000 milhões de anos.
Arcturus (α Boötis)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 48'x48'
exp: 2 min (4x30s) ISO 800
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Delta Boötis
A Delta Boötis, que curiosamente não tem nome histórico para uma estrela delta, tem a magnitude de 3.56 (G8III+G0V) e a companheira 7.89 (G0) estando separadas em 105". Este sistema com estrelas amarelas como o nosso Sol está situado a 120 anos-luz (36.935 pc).
δ Boötis
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 48'x48'
exp: 2 min (4x30s) ISO 800
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Alkalurops
A Mu1 Boötis tem este nome de origem grega que pode ser entendido por "cajado" ou bordão de pastor. A mais brilhante (F2IVa+G0V) tem 4.33 de magnitude e a segunda componente 7.09 (G1V) estando separadas em 107". Esta última também é um sistema binário com 2" de separação. Este sistema triplo está a 122 anos-luz (37.6281 pc).
Alkalurops (μ1 Boötis)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 48'x48'
exp: 2 min (4x30s) ISO 800
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A constelação da Cabeleira de Berenice (Coma Berenices) , que para além do imenso enxame, Melotte 111 ou Collinder 256, ocupando uns impressivos 7 graus e que explica a origem do nome desta constelação, alberga uma quantidade significativa de galáxias relativamente grandes e brilhantes, das quais se destaca a Messier 64 "Galáxia do Olho Negro".
Melotte 111
Binóculo Fujinon 7x50 7.5° mag. 9.5
Guide 9.1, ps2pdf e Pixelmator Pro
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Enxame globular Messier 53 (NGC 5024)
Para adicionar à coleção, fui primeiro visitar dois enxames globulares que estão separados no céu apenas por 1°, estando efetivamente separados apenas por ∼2000 pc (~6500 anos-luz). O enxame globular Messier 53 (V) está a 48680 anos-luz (paralaxe 0.067 mas) e o enxame globular NGC 5053 (XI) a 65000 anos luz (paralaxe 0.050 mas), sendo este último muito esparso, assemelhando-se a um enxame aberto. Estes enxames estão entre os mais "pobres" em metais e estando tão próximos, julga-se que podem ter existido interação física e provavelmente terem feito parte de uma galáxia anã "canibalizada" pela a nossa Galáxia.
Enxame globular Messier 53 (NGC 5024)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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Enxame globular NGC 5053
Enxame globular NGC 5053
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 5 min (10x30s) ISO 800
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Galáxia Messier 64 (NGC 4826)
A galáxia Messier 64 (R)SA(rs)ab encontra-se relativamente isolada e a uma distancia média de 17,6 milhões de anos-luz (5.4 Mpc). O "olho negro" ou "olho demoníaco" não é mais que uma banda extrema de poeira à volta do seu núcleo brilhante, muito contrastada pela a quase total ausência de poeira no disco exterior.
Galáxia Messier 64 (NGC 4826)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 60 min (120x30s) ISO 800
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Galáxia Messier 85 (NGC 4382) & NGC 4394
A galáxia Messier 85 (S0pec E2?). Esta galáxia eliptica/lenticular é quinta mais brilhante do Enxame da Virgem (+1600 galáxias), situada no seu extremo norte e bem afastada do seu centro. Está a uma distância média de 50 milhões de anos-luz (15.218 ± 1.046 Mpc). A galáxia barrada NGC 4394 (SBb) está a interagir com a Messier 85 assim como a pequena galáxia elíptica anã PGC 0040512 às 13 horas.
Galáxia Messier 85 (NGC 4382) & NGC 4394
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 60 min (120x30s) ISO 800
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Galáxia NGC 4565
A galáxia NGC 4565 (Sab/SBcd), é também chamada a "Galáxia Agulha" está a 38 milhões anos-luz (11.700 ± 0.697 Mpc), sendo uma das mais brilhantes do Enxame Coma I (Grupo NGC 4062). Esta galáxia espiral barrada com morfologia e massa (100 mil milhões de estrelas) similar à da nossa Via Láctea é um importante alvo para estudar a estrutura da nossa própria Galáxia, mas "vista" de perfil. Também estão presentes na imagem as galáxias NGC 4562 e IC 3546.
A galáxia NGC 891 SA(s)b? é muito parecida com esta galáxia e é considerada a gémea da Via Láctea.
Galáxia NGC 4565
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 60 min (120x30s) ISO 800
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Galáxia Messier 101 (NGC 5457)
Na constelação da Ursa Maior faltava ainda a imagem da sua grande galáxia, a Messier 101 que nesta altura tem o péssimo hábito de mergulhar a pique num dos candeeiros aqui da rua. Esta galáxia necessita de céu escuro, apesar da sua magnitude de 7.9 pareça ser acessível, é no entanto distribuída pelo quase meio grau (27') de área circular desta grandiosa galáxia, ficando assim com um baixo brilho de superfície de 14.8 (a título comparativo a Messier 64 tem 13.3, ou seja 4x mais brilhante). Para se ter uma noção do que é falta de contraste, clicar aqui para ver um recorte centrado no núcleo da galáxia de 1 das 120 imagens usadas para construir a imagem abaixo...
A galáxia Messier 101 (Sab), também conhecida por "Galáxia Cata-vento", com perto de 1 milhão de milhões de estrelas, tem quase o dobro do tamanho da Via Láctea e está a apenas 21.5 milhões de anos-luz (6.6 Mpc), dominando um grupo homónimo com pelo menos 8 membros, incluíndo a NGC 5474 e NGC 5477 e também a PGC 49919 com as quais possivelmente tem interação. Reparar na gigantesca e massiva região H II com 3200 anos-luz de tamanho (~1 kpc) NGC 5471 pertencente ao braço exterior da galáxia que tem uma intensa cor azul localizada sensivelmente às 16:00 horas. Ver aqui uma imagem de grande campo feita em 2008 em Castelo de Vide.
A supernova de maio do ano passado já não é visível.
Galáxia Messier 101 (NGC 5457)
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 60 min (120x30s) ISO 800
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Enxame globular Palomar 4
Não estava muito certo de que teria abertura e condições de céu suficientes para conseguir extrair este globular remoto, cujas estrelas têm magnitudes visuais inferiores a 17.5!. Este é para apreciadores de elevada subtileza, sendo mesmo necessário clicar na imagem (resolução nativa) para o conseguir discernir 3 ou 4 estrelas muito ténues e outras tantas indefinidas. Está mesmo ao centro da imagem. O Palomar 4 é o segundo enxame globular galáctico mais longínquo que se conhece, estando distanciado 332000 anos-luz (102.8 ± 2.4 kpc), tendo inicialmente julgado tratar-se de uma longínqua galáxia anã satélite, sendo por isso designada por "Anã da Ursa Maior". Correntemente o Arp-Madore 1 (AM 1) na constelação do Relógio (Horologium) é o mais distante a 402000 anos-luz (123.3 kpc).
Esta famosa lista de 15 globulares resulta do primeiro levantamento fotográfico Palomar Observatory Sky Survey (POSS) feito nos anos 1950, sendo alguns realmente remotos e outros mais perto, mas obscurecidos por poeira. Visualmente é uma lista que poucos podem completar (ou sequer iniciar) - necessita de céu escuro, magnificações altas e aberturas de meio metro para cima.
Na imagem estão também a galáxia elíptica PGC 35393 no canto superior direito e uma pequena galáxia LEDA 1846998 de magnitude 15.65 que também requere alguma perspicácia.
Enxame globular Palomar 4
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 39'x39'
exp: 10 min (20x30s) ISO 1600
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Cometa PANSTARRS (C/2021 S3)
Ao finalizar a noite astronómica, o Safari Pro mostrava um cometa de magnitude 9.9 na constelação do Cisne. Pela imagem obtida não me parece ser tão brilhante. Está no momento a 273 milhões km e já a afastar-se do Sol.
Cometa PANSTARRS C/2021 S3 - 20240602 02:55 UTC
Takahashi CN-212 f/3.82 (810mm) Canon 6DMkII 1.44" 20'x20' e 48'x48'
exp: 6 min (12x30s) ISO 800
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